quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rio Vivo dá os primeiros passos

No dia 29 de Novembro reuniu-se em Almeida a comissão instaladora da Associação
Falou-se dos estatutos, e ficou acordado que se vai, durante o mês de Dezembro, formalizar a constituição da Associação.
Apresentou-se o plano de trabalho, discutiram-se nomes para uma futura Lista para os órgãos sociais, decidiu-se avançar para o recrutamento de um funcionário permanente.

Apresentação

Numa aldeia envelhecida e sem perspectivas quanto ao futuro, a Associação RIO VIVO visa ser o suporte para a transição para um mundo novo.
Com respeito pelas tradições e pela cultura
Um RIO com vida e com muitos afluentes…

a)Clube “Rio Natura”. A fauna a flora, a ligação à terra.

b) Unidades de produção “Rio Coop” . Produzir é essencial. Hortas. Cooperativas. Há muita coisa a fazer. Não excluir a possibilidade de adquirir terrenos.

c) Clube “Rio Velho”. Recuperar as tradições, aprender as lições do passado. Fazer a ligação a S. Pedro, à gente de S. Pedro.

d) Clube Rio-Festa. Clube de animação arte e cultura. Sem festa não há Associação. Pensar em Agosto, nos emigrantes, etc…

e) “Rio Fabrica”. Reinventar a industria artesanal. (Tecelegem, cobertores de papa, linho, ferro forjado, marcenaria…)

f) Clube “Rio Jovem”
. Envolver os jovens, estimular a sua criatividade.

g) “Rio-sol”. Clube da solidariedade social, olhar para os velhos e carenciados

h) “Rio energia”. A energia, a eficiência energética.

i)“Rio escola”
. Ensinar artes e oficios, transmitir os conhecimentos dos mais velhos, impedir que caiam no esquecimento

j)“Rio constroi” Recuperar o património

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Totnes - 6

(...)
Retomar os saberes perdidos

Para além da libra de Totnes, os habitantes deram início a uma grande requalificação, retomando os saberes perdidos como quem regressa às origens. Entre eles a capacidade de reutilizar o que deitavam fora, de fazer ou reparar tudo por si próprio, de restaurar em vez de destruir, e também de costurar, de praticar o artesanato ou a jardinagem.
O grupo da "Alimentação" negociou com a municipalidade a criação de platibandas e terraços plantados de avelaneiras, amendoeiras e nogueiras, em vez dos espaços decorativos da cidade. Constatando-se que, nas frontarias ou nas traseiras das casas, muitos dos habitantes de Totnes possuíam jardins privados não utilizados, foi lançado um programa de partilha, a fim de que estes espaços fossem cultivados, segundo os princípios da agricultura biológica ou da permacultura.
A iniciativa de Totnes ultrapassa assim os limites da esfera privada, e desenha talvez a divisa dum mundo novo: liberdade, fraternidade, frugalidade.

A ideia alastra ao mundo inteiro

Certamente que há alguma coisa de utópico no programa das cidades de transição, tal como no final do Cândido de Voltaire, em que uma comunidade se junta numa quinta, em redor de objectivos modestos mas realizáveis. Não obstante o movimento alastra como mancha de óleo. Na peugada de Totnes, 130 cidades iniciaram um projecto de transição, principalmente na Inglaterra, na Irlanda, nos Estados Unidos e no Canadá. Mais de 700 localidades estão na primeira etapa do processo na Austrália, na Nova Zelândia, no Japão, na Bélgica e na França. Ligadas entre si pela Internet, vão trocando ideias e experiências.
A natureza contagiosa do fenómeno surpreendeu toda a gente. A ideia desenvolveu-se apenas pelo boca-a-boca e pela rede. Isso demonstra que as pessoas estão abertas a soluções positivas, que apelem à sua participação e às suas competências.
Serão positivas as sombras da recessão?! Poderão elas constituir um choque salutar, para conduzir ao fim dum sistema que já deixou de funcionar?! Se assim for, abençoada crise!

POR UMA ECONOMIA LOCAL, AUTÓNOMA EM ENERGIA E EM RECURSOS!
O movimento de transição contesta a ideia de que apenas os estados (e menos ainda o sistema capitalista ávido de lucros imediatos) podem trazer soluções viáveis às eventualidades desta economia fragilizada. Em consequência disso, as comunidades locais devem iniciar desde já uma mutação para uma economia re-localizada e auto-suficiente em energia e em recursos.
Perante futuras perturbações, uma comunidade resiliente estará claramente mais apta a resistir, do que as comunidades actuais, totalmente dependentes dos sistemas globalizados para os problemas da alimentação, da energia, dos transportes, da saúde e do alojamento.
E sobretudo será mais agradável para viver.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Totnes - 5

(...)

Libertar o génio colectivo

Reinventar a economia duma cidade não se faz numa noite! Começou por um ano de sensibilização: um festival de conferências, de projecções de filmes, de reuniões de informação, de conversações com a câmara municipal. E também de reticências face à mudança, "é demasiado tarde para agir", "falta o dinheiro necessário", "faltam-nos as competências necessárias"... Finalmente um entusiasmo progressivo e uma avalanche de ideias, como diz Rob.
Iniciada em 2005, a revolução verde pôs-se em andamento em Setembro de 2006, com o apoio da câmara. Foram constituídos dez grupos de trabalho que mobilizaram mais de um milhar de habitantes, para imaginar uma outra maneira de viver. Como quem conquista uma nova fronteira. Alimentação, habitat e construção, dependência do petróleo, economia local, novas formas de energia, transportes, educação, saúde e bem-estar, tudo foi analisado. Toda a gente foi convidada a exprimir os seus conhecimentos.
Verificou-se o que funcionava, e o que não funcionava. O que podia fazer-se de imediato, ou só mais tarde. Resumindo, um plano de acção afinado por uma comunidade inteira. Uma estratégia de mudança a realizar de um modo realista, durante 20 anos, para levar a cabo um programa de poupança energética, reduzir a dependência das energias fósseis, substituí-las pelo solar, o eólico ou a geotermia, e relocalizar o abastecimento de alimentos, sementes agrícolas, materiais de construção, e tudo aquilo que antigamente era de produção local e depois deixou de ser.
Ainda falta fazer muita coisa, mas a mutação está em marcha. Até 2030, o plano de transição deverá permitir à cidade desenvolver uma economia dinâmica e auto-suficiente, respeitadora do ambiente e autónoma em termos de energia. O adequado casamento das tecnologias modernas com o bom-senso do passado.
(...)

sábado, 7 de novembro de 2009

Totnes - 4

(...)
A metáfora da cereja em cima do bolo

A economia rural diversificada, que sustentou as comunidades humanas durante séculos, foi desmantelada pela globalização e atirada para as gavetas da história, explica Rob Hopkins na sua obra The Transition Handbook, um manual, um guia da transição. A metáfora do bolo ajuda a compreendê-lo.
Em Totnes, antes da chegada do comboio em 1850, a cidade e os arredores eram largamente auto-suficientes. O leite, o queijo, a carne, os legumes e frutos da época, assim como o essencial dos materiais de construção e certas artesanias, eram locais até à revolução industrial, durante a qual a produção foi deslocada (deslocalizada!) para o norte da Inglaterra. O que chegava em barcos de cabotagem, para ser descarregado nos cais do rio Dart, eram materiais de construção que vinham do Báltico, e maçãs da Bretanha para o fabrico da sidra. A região consumia e exportava uma grande quantidade de sidra, mas não produzia maçãs suficientes.
Se por qualquer razão estas embarcações não chegavam a bom porto, a região podia adaptar-se. Era resiliente, isto é, capaz de encaixar os choques e perturbações. O bolo era produzido localmente, e apenas o creme e a cereja eram importados.
Hoje é o inverso. O bolo é importado de qualquer parte do mundo, donde for mais barato. E a agricultura local limita-se a produzir o creme e as cerejas. Evoluímos da resiliência para a dependência. Para remediar isso, devemos agir colectivamente e já.
(...)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dia 31 de Outubro, um primeiro passo


No dia 31 de Outubro nós estivemos reunidos em S. Pedro. Este “nós” é a gente de S. Pedro. Foi no novo Pavilhão, estávamos sentados num circulo, virados uns para os outros.

O assunto era o Rio Vivo.

Eu introduzi o tema, deixei claro que estamos a iniciar uma aventura. Partimos para algo novo, algo imaginado, mas não completamente conhecido.
Falei do futuro, dos desafios que se colocam, sobretudo aos jovens que vão enfrentar a angústia do emprego. Da necessidade de não ficarmos indiferentes aos problemas do Mundo…

As pessoas reagiram bem, mas sei que há muita pedra para partir.

O Amândio falou em seguida, e deixou bem evidente a sua paixão por S. Pedro e pela natureza, a fauna e a flora, coisas que ele tão bem conhece. A intervenção dele sugeriu-me a criação de um blog paralelo, o RIO NATURA, onde este tema pode ser desenvolvido.

O Manuel Alcino falou depois, realçou o seu carinho pelo projecto, fez uma breve alusão à ideia de cooperativismo que poderá ser um dos caminhos a trilhar pela Associação.

Outras intervenções, sempre de apoio à iniciativa.

Depois apareceu o quadro com a cabrinha de mestre Chichorro trazido da ASTA pelo Carvalheira. Contou-se a história do Quadro, e logo ali foi decidido que ficaria bem no Pavilhão. Já lá está.

No final fomos visitar umas ruínas, quem sabe se não nascerá ali um forno comunitário.

Ao entardecer, um crepúsculo único apareceu para assinalar a importância do dia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Totnes - 3

(...)

Se tudo parar, morremos à fome!

No Programa: Moeda paralela, auto-suficiência, decrescimento energético e regresso à frugalidade.

"A globalização económica tornou-se possível graças ao petróleo barato para alimentar os camiões, os barcos e os aviões que percorrem o mundo em todos os sentidos. Mas o que é que vai acontecer quando ele se tornar ainda mais escasso e mais caro do que hoje? E mais tarde, em caso de penúria? - interroga Rob Hopkins, o iniciador do movimento de transição.
"Basta lembrarmo-nos do impacto dos choques petrolíferos de 1973 e 1979, para fazermos uma ideia. Como vamos deslocar-nos? Como faremos funcionar as nossas empresas e explorações? Como vamos produzir os bens de primeira necessidade? O desafio a vencer é enorme, de tal maneira os nossos modos de vida dependem completamente do petróleo barato. Se tudo parar, morremos à fome! Não há nenhuma alternativa energética preparada para vencer um desafio desta amplitude, em tão pouco tempo..."
É Rob uma Cassandra*? Bem longe disso! Mas sem qualquer dúvida adepto do low impact. Sobretudo optimista e pragmático. Face à vertigem que toma conta do mundo, diante da amplitude das ameaças que aí estão, este professor de permacultura** encara o pico do petróleo e o aquecimento climático como uma oportunidade. A oportunidade de trabalhar para um renascimento económico e social, criando um outro modo de vida ao serviço dos homens e das suas necessidades, mais solidário e mais justo, menos destruidor do ambiente. Um mundo novo menos devorador de energia, mais convivial, mais rico em tempo, menos stressante e no final mais feliz.
(...)
*Figura da mitologia grega, filha de Hécuba e de Príamo, rei de Tróia. Apolo enamorado concedeu-lhe dons de profetisa, caso ela acedesse aos seus desejos. Uma vez ensinada, Cassandra esquivou-se. E Apolo retirou-lhe, não o dom da profecia, mas o da persuasão. Desde então bem profetiza Cassandra, mas ninguém acredita nela.

**O termo permacultura foi inventado pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren nos anos 70, para designar um método agrícola durável e diversificado, que se propõe restaurar o planeta respeitando a natureza em vez de a dominar. Hoje o seu campo de acção alargou-se a domínios tão diversos como o design, a construção ou a eficiência energética.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Totnes - 2

(...)
Aqui fazem-se pagamentos em Libras de Totnes!

Vejamos a praça, por exemplo. A abundância extravasa das bancadas, com um vasto leque de produtos da terra. Se lá formos à sexta ou ao sábado para comprar saladas, batatas saborosas e cheias de aromas ou um belo frango para o almoço de domingo, podemos encontrar Lou Brouwn, que é uma fina cozinheira. Mas Lou tem uma outra particularidade. Tal como a maior parte dos 8.500 habitantes de Totnes, ela não faz as compras com uma libra esterlina com a efígie da rainha. Em vez disso, a sua moeda apresenta uma imagem mais familiar, a da cidade em que vive. Lou utiliza a libra de Totnes, uma moeda paralela que dá direito a múltiplos descontos e pode encontrar-se em quatro balcões de câmbio da cidade. Uma libra inglesa por uma libra de Totnes. É uma maneira de favorecer as produções regionais e de apertar os laços entre os habitantes e os produtores próprios. E de limitar as importações e a poluição daí resultante. Introduzida há dois anos, esta divisa é aceite por mais de 70 comerciantes. Evidentemente simbólica, não deixa no entanto de ser eficaz.
"As pessoas podem ter na mão uma nota de banco diferente, que assinala de maneira visível uma mudança de atitude" - diz Lou. " A vontade de apoiar a sua comunidade, preservando o seu bem-estar e a sua saúde".
Uma população de classe média, com um certo gosto pela preservação do ambiente e o orgulho de viver a experiência social mais significativa e potencialmente mais inovadora do nosso tempo.
Totnes é uma cidade em mutação, de preferência em transição, como ela se designa. Pioneira dum movimento em vias de conquistar o planeta e que, para fazer face à crise, advoga o regresso a um modo de vida mais frugal, capaz de viver melhor e de ultrapassar as perturbações que aí vêm, graças a uma economia local forte e auto-suficiente.
(...)
JC

S Pedro no último dia de Outubro



Depois da nossa reunião no pavilhão, o espectáculo do pôr do sol.
Para assinalar uma data e apontar um caminho
É o caminho para a transição.
A foto, claro, é da autoria da Paula

domingo, 1 de novembro de 2009

Totnes - 1

[texto adaptado de Philippe Jost]

As cidades de transição inventam o futuro!

É necessário habituarmo-nos à ideia de que não vai ser possível continuar a viver como até aqui. Os habitantes de algumas cidades compreenderam isso, e preconizam soluções ecológicas e práticas para viver de outro modo.

Num futuro não muito distante, em que tudo o que não é produzido localmente corre o risco de se tornar demasiado caro devido à escassez do petróleo e ao aumento vertiginoso dos custos de transporte, todos seremos forçados a modificar a nossa maneira de viver.
Mais que uma ameaça, isto é sobretudo uma sorte, dizem os actores das cidades de transição. Totnes, uma localidade de 8.500 habitantes no Devon, Inglaterra, foi a primeira a lançar-se na aventura.


Totnes é uma localidade ideal, na margem dum rio do Devon, o condado mais verde de Inglaterra. "O campo na cidade", diz a publicidade dos agentes imobiliários. Três horas de comboio, a sudoeste de Londres, e a impressão, à chegada, de desembarcar num sonho ecológico. Baptizada de capital do new age chic pela revista americana TIME, circula-se nela sobretudo de bicicleta, os painéis solares brilham sobre as casas de arquitectura medieval, reciclam-se os lixos numa instalação de compostagem comunitária, e a moda local manda que se plantem tomates e batatas, em vez do habitual relvado.
Totnes é o sonho dum ecologista citadino. Construída sobre uma colina, tem ruelas que sobem até às ruínas dum castelo normando, local de encontro apreciado pelos turistas, embora alguns considerem esgotante a subida. No Verão, dois triciclos de transporte importados da Índia, modificados para consumirem óleo de fritar recolhido nas lojas de "fish and chips", transportam gratuitamente os visitantes até ao alto do castelo, deixando que a inclinação da Fore Street, a rua principal, os leve a visitar a pé um talho antigo, um padeiro tradicional, uma loja de velas perfumadas, sem esquecer uma loja que parece ter guardado todos os discos de vinil desde os Beatles até aos Grateful Dead.
Não há aqui MacDonnalds, nem centros comerciais, nem grandes superfícies. Aqui crê-se que Small is beautiful, e que "pensar globalmente e agir localmente" é não só um dever mas também uma fonte de bem-estar.
(...)
JC

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Dia 31 estarei presente de coração

Venho confirmar a minha não presença na reunião de 31. Digo ”não presença”porque não estarei ausente. Estarei de coração com todos os presentes e ausentes que não podem marcar presença. Devo estar ausente de S. Pedro até Janeiro.
Aproveito para enviar uma pequena colaboração, com duas ou três sugestões.
António André


Algumas ideias que podem ajudar a implementar o projecto.

1 – Não será possível reformular um pouco o site da Associação, de modo a dar-lhe um novo grafismo, facilitar a pesquisa e permitir a inserção mais fácil de fotografias? (O último “post” do Amândio ficou menos rico sem as fotografias).
2 – No que diz respeito ao Clube “Rio Fábrica”. Reinventar a indústria artesanal. (Tecelagem, cobertores de papa, linho, ferro forjado, marcenaria…), parece-me que se devia começar por uma oficina de marcenaria onde se começassem a recuperar alguns apetrechos tradicionais (brendos, ancinhos, alqueires, jugos, …) com o objectivo da criação de um museu. (O Paulo Teles pode dar uma boa ajuda). Esta oficina transformar-se-ia aos poucos em oficina multidisciplinar de modo a servir o Clube “Rio-sol”, no âmbito de pequenos consertos em portas, janelas, cadeiras, …, pequenas reparações eléctricas, etc, nas casas dos idosos.
3 - Clube “Rio natura”. Estamos numa época em que os cogumelos começam a aparecer. Que tal a organização de um “passeio micológico”
4 - Clube “Rio Jovem”. Será que os jovens de S. Pedro não se interessarão por corridas de carros de rolamentos (há vários sites com “Regulamentos de Corridas” e outros que os ensinam a construir na Net.
5 – Clube “Rio energia”. Uma das minhas deslocações em trabalho calhou ser a Hamburgo. Num dos meus passeios pela cidade fui ter a um parque onde apreciei toda uma estrutura onde os jovens se entretinham em brincadeiras com água: faziam pequenas represas, aprendiam como funciona uma reclusa fazendo subir os seus pequenos barcos de casca de pinho da “foz até à nascente”, brincavam com pequenas azenhas e faziam toda uma série de experiências que é possível fazer com água, sem terem necessidade de se sujar com a lama dos regatos como nós tinhamos. Já há muito que a Junta de Freguesia pensa alindar o local do Calvário. Um projecto bem pensado, bem discutido por técnicos de jardinagem, poderia transformar, sem impedir o acesso à Procissão dos Passos, aquele local símbolo de sofrimento e dor em local símbolo de vida e alegria.

Ideias soltas

Aqui vai um “brain-storming” onde elenco, sob a forma de notas soltas, as áreas possíveis de actuação. São ideias de base para serem desenvolvidas nos próximos seis meses. São, afinal, ideias para a transição.

a) Clube “Rio Natura”. A fauna a flora, a ligação à terra.

b) Unidades de produção “Rio Coop” . Produzir é essencial. Hortas. Cooperativas. Há muita coisa a fazer. Não excluir a possibilidade de adquirir terrenos.

c) Clube “Rio Velho”. Recuperar as tradições, aprender as lições do passado. Fazer a ligação a S.Pedro. à gente de S. Pedro.

d) Clube Rio-Festa. Clube de animação arte e cultura. Sem festa não há Associação. Pensar em Agosto, nos emigrantes, etc…

e) “Rio Fabrica”. Reinventar a industria artesanal. (Tecelegem, cobertores de papa, linho, ferro forjado, marcenaria…)

f) Clube “Rio Jovem”. Envolver os jovens, estimular a sua criatividade.

g) “Rio-sol”. Clube da solidariedade social, olhar para os velhos e carenciados

h) “Rio energia”. A energia, a eficiência energética.

i) Etc…

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Simplesmente uma ideia

Introdução
S. Pedro do Rio Seco é, actualmente, uma aldeia com poucos habitantes e com média etária elevada o que significa que os jovens foram procurando outras paragens que respondessem aos anseios num movimento migratório que vem de há muito anos.
O livro “S. Pedro do Rio Seco - Contribuição para uma Monografia” de José da Fonseca Ramos, no Cap. IV “O Crescimento da nossa Terra – Evolução da População” dá-nos conta dessa evolução numérica ao longo da história documentada.
Por essa obra ficamos a saber que S. Pedro foi, durante muitos anos, a freguesia mais populosa do concelho (falamos do concelho de Castelo Bom ao qual S. Pedro pertenceu até ao ano de 1834) e que a construção da linha férrea até Vilar formoso passando também por Freineda rapidamente alterou o número de habitantes a favor destas duas freguesias. O incremento da oferta de trabalho e comércio que este facto trouxe bastou para fixar mais pessoas.

A agricultura representou, desde sempre, a principal actividade das populações das aldeias do interior como S. Pedro. Havia outras como sapateiro, barbeiro, carpinteiro, moleiro…, que não dispensavam a simultaneidade da actividade agrícola necessária como complemento de subsistência. O contrabando para o país vizinho, aproveitando o factor vizinhança, também trazia algumas benesses.
A fraca produtividade agrícola, devido à pobreza dos solos por um lado e à sempre ausente reestruturação fundiária por outro, com os terrenos, de geração em geração, sucessivamente divididos, não trazia a resposta que as famílias ansiavam.
O movimento migratório foi a resposta natural. Primeiro para as Américas, África e Europa depois. Os grandes centros urbanos do continente iam acolhendo também muitos jovens..
E por esta rampa foi escorregando a população de S. Pedro!

Recentemente, falo num intervalo de poucos anos, algumas iniciativas puseram esta rampa menos inclinada: O Centro Social, alguns melhoramentos como jardinagem e arborização, arruamentos, a construção da ETAR, aquisição de máquinas em associação com outras freguesias do concelho, a dotação recente do importante pavilhão polivalente, etc., têm dado emprego que, para uma pequena freguesia como S. Pedro, tem tradução importante na fixação das pessoas.
Por outro lado, melhores meios de comunicação (o automóvel tornou-se um meio de transporte mais acessível), deixaram as pequenas aldeias como S. Pedro menos isoladas e permite à população activa conseguir empregos noutras terras regressando à aldeia no fim do dia de trabalho.
A agricultura perdeu a importância que tinha e é, actualmente, uma actividade com grandes dificuldades. A construção civil, alguns empregos na pequena indústria e serviços completam as actividades que dão ocupação.

S. Pedro do Rio Seco sempre foi uma aldeia bonita e harmoniosa, mesmo tirando a avaliação suspeita de quem nela nasceu. É também a opinião de muitas pessoas que a visitam e que sem favor assim a classificam. A mais valia que foi adquirindo com algumas obras recentes da iniciativa da Junta de Freguesia e Câmara Municipal tornaram-na ainda mais acolhedora. Aos melhoramentos já referidos acrescentemos também:
- Melhoria das vias de comunicação.
- Instalação de água ao domicílio
- Rede de saneamento e ETAR
- Beneficiação de monumentos (igreja, capela, fonte romana, chafarizes)
- Identificação e sinalização de importantes testemunhos do passado como as sepulturas
antropomórficas, lagar romano e cruzeiros (estes de tipo religioso).
A recuperação de casas por iniciativa dos seus proprietários tem trazido também uma importante valorização à aldeia.

S. Pedro do Rio Seco é, podemos afirmá-lo, uma aldeia bonita, harmoniosa, com condições para acolher quem a queira visitar.

Área rural

Falámos apenas da aldeia dentro dos seus limites urbanos.

Mas S. Pedro tem também uma importante área rural, com uma paisagem atractiva e rica em biodiversidade.
Refiro-me a alguns milhares de hectares de um planalto ligeiramente ondulado com terrenos cerealíferos e pastagens, que a floresta, do tipo pequeno bosque, tem vindo a conquistar mas onde se mantêm largas clareiras que constituem um habitat que dá suporte a vários e importantes nichos ecológicos. A sua área é atravessada por duas linhas de água, o Rio Seco e Ribeira dos Toirões, com caudal de água pouco significativo mas elevada influência ambiental e dinâmica de algumas populações zoológicas e botânicas.
Também a geologia se manifesta com beleza. Há rochedos graníticos, os barrocos, moldados com a beleza que só os elementos souberam fazer com a paciência de milhões de anos. Alguns são mesmo emblemáticos (chamemos-lhes assim) como é o caso do barroco basculante, que com as largas toneladas de peso pode ser oscilado com a força de uma ou duas pessoas! Há também uma área com predominância de quartzo rosado, que de onde em onde se apresenta com bonitos cristais.

Esta área rural é a continuidade geográfica do Parque Natural do Douro Internacional (fica a uma escassa dezena de quilómetros), com características de biodiversidade de igual continuidade.
Vejamos algumas espécies que utilizam este habitat:

1 – Aves

Largas dezenas de espécies de aves nidificam neste território; algumas raras e por isso com classificação apropriada na legislação específica para as aves. É o caso da abetarda, da cegonha negra, do pirolis… Sem a classificação de raras mas que poucas vezes se observam noutras áreas do território nacional e nunca nas zonas urbana como é o caso das cidades, refiram-se, entre outras, os abutres (abutre negro, o grifo, o abutre do Egipto) aves de rapina (milhafre real, milhafre negro, falcão, águias, peneireiros, mochos, corujas, noitibós). Também fazem parte deste habitat algumas com grande beleza das suas penas e por isso não será exagero classificá-las como exóticas. É o caso da poupa, abelharuco, duas subespécies de pica-paus, o papa-figos conhecido localmente como marintéu, o raro e fugidio guarda-rios, o picanço barreto, etc.
O pato-real, galinha de água, a garça-real e as cegonhas, branca e a negra são as aves que na época de reprodução podemos observar garantidamente nas ribeiras e nas charcas.
Quanto a andorinhas podem ser observadas, pelo menos, três subespécies: andorinha dos beirais, a mais comum, andorinha das rochas e a andorinha dáurica esta rara e da qual apenas se conhece um ninho localizado junto à Ribeira dos Toirões.

Foto 1 – Ninho de andorinha dáurica

2 – Mamíferos carnívoros:

Doninha, geneta, toirão, papalva, texugo, gato-bravo, raposa e lontra.
A lontra tem como limite territorial uma altitude à volta dos 750m, atingindo nesta zona esse limite.

3 - Répteis, anfíbios e insectos com destaque especial para algumas espécies raras de escaravelhos.

4 – Animais domésticos:

Vacas, ovelhas, cabras, burros, cavalos, galinhas…

Foto 2 – Gado vacum


Uma visita a S. Pedro do Rio Seco

1 – Vista geral á aldeia com visita da igreja e fonte romana

2 – Passeio rural

Podem ser propostos vários circuitos. Apresenta-se apenas um como exemplo.

Circuito 1

- Início: Junto ao cruzeiro ao Chorro
- 400 m depois: sepulturas antropomórficas.
- Carcidade: local onde provavelmente a aldeia “nasceu”
- 200 m depois virar á direita na direcção do Vale das Devesas onde se podem observar mais sepulturas.
- seguir para Nave Rodrigo até à ponte

Foto 3 – Ponte de nave Rodrigo

- Atravessar a Ribeira e seguir até à raia atravessando uma área onde não é permitido caçar.
- seguir na direcção da “caseta” até à Ponte Pequena na Ribeira dos Toirões.

Foto 4 – Ponte pequena

- regressar pela Salgueirinha, Casa Sola, e novamente Carcidade.

O que pode ser realçado neste circuito:

1 – Sepulturas antropomórficas
2- Formações graníticas, algumas com características curiosas como o rochedo basculante, já mencionado.
3 – Botânica:
carvalho negral
carvalho Cercal (raro nesta zona)
carvalho alvarinho (raro nesta Zona)
freixo
pinheiro bravo
salgueiro
sabugueiro
etc.
Árvores de fruto:
Macieiras, pereiras, cerejeiras, ameixieiras, figueiras, marmeleiros…

Arbustos:
Giesta branca e giesta amarela, rosmaninho, bela luz, tojo, espinheiro…
Hortas: identificar plantas e produtos hortícolas
Foto 5 - Horta

Zoologia:
Aves diversas, dependendo da época do ano
Alguns ninhos:

Foto 6 – Ninho de cotovia; o ovo de cor diferente é de cuco.

Foto 7 – Ninho de pega azul com juvenis(primavera 2009)


Foto 8 – Ninho de perdiz (primavera 2009)



Répteis
Grande variedade de insecto

(os mamíferos carnívoros, por terem uma actividade quase exclusivamente nocturna dificilmente se deixam observar durante o dia exceptuando nas horas crepusculares.

È exigido a não perturbação do meio.

Os circuitos podem ser valorizados com algumas estruturas pouco dispendiosas de que se dão alguns exemplos fotográficos:
foto 9 – Local de observação

Foto 10 – identificação de espécies botânicas. (exemplo típico)

Obras de valorização ambiental

1 – Pequenas represas de água a construir no Rio Seco e Ribeira dos Toirões, aprovadas pelas entidades hidráulicas competentes de forma a garantir, equilíbrio ambiental, que garantam caudais ecológicos e não constituíam barreiras intransponíveis, autênticos garrotes para a vida aquática.

Estas estruturas, a construir a prazo, acrescentariam as seguintes vantagens:
– Dinâmica nas populações aquáticas permitindo um eventual repovoamento com peixes, bivalves de água doce e aves.
- Embelezamento
- suavização do clima

2 – Construção de estruturas de observação se tal se mostrasse necessário.


O circuito aqui “desenhado” que se dirige mais especificamente a pessoas que gostam de “viver” um dia de campo, não é o único objectivo desta modesta ideia. Pode responder também a estudos académicos no âmbito das ciências biológicas, geológicas ou sociais para as quais não falta campo laboratorial.

Conclusão

Nos tempos que correm, é notoriamente crescente o número de pessoas que se sentem bem em contacto com a natureza e por isso se evadem dos grandes centros urbanos onde vivem rodeados de multidões mas quantas vezes bem sós, e procuram, quase sempre em pequenos grupos, lugares rurais, bem longe dos semáforos, do stressante atravessar a rua, das intermináveis filas de automóveis para ir e vir do trabalho, ver o telejornal e telenovela, com repetição no dia seguinte.

E as notícias, em regra, não são boas. Falam do aquecimento global com desaparecimento da calote polar e deixa-nos um pouco perturbados embora pensemos que isso não nos vai tocar a nós quando muito ao vizinho do lado. Vemos cheias e secas onde, dizem, antigamente não havia. Falam-nos da falta de água para consumo, para a agricultura e para produzir electricidade. Olhamos pela janela e perguntamos quanto tempo vai durar o petróleo que alimenta aquela fila de automóveis e a chaminé da fábrica que se vê ao longe.

Há uma crescente onda de preocupação que nos arrasta para a necessidade de mudança, para uma sociedade de transição.

Este pequeno projecto pretende ser o contributo de uma pequena comunidade como é S. Pedro do Rio Seco para responder aquelas pessoas que pretendem evadir-se da cidade, aquelas que querem a mudança, a transição.

AC

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Coisas práticas

Está prevista para o dia 31 de outubro, uma reunião em S.Pedro.
A ideia é apresentar e aprovar o projecto que se vai candidatar ao Prémio Ribacôa, o dia 31 coincide com o último dia do prazo das candidaturas.
Convinha que nessa reunião estivessem mais pessoas para além daquelas que assinaram a declaração. Convidemos pois os nossos amigos, os nossos familiares para estarem presentes. Gente de S. Pedro, mas também gente de fora. As mulheres, a começar pelas nossas, devem ter um papel importante neste projecto, não as deixemos ficar em casa.
Espero que o Manuel Alcino nos arranje um local para reunião.
Começar a reunião às 3 da tarde parece-vos bem?

domingo, 11 de outubro de 2009

Rumo à transição

Nos dias de hoje, os jovens vivem na incerteza do emprego, os velhos na solidão dos lares, o modo de viver tradicional está destruído, e não se advinha outro que o venha substituir. Viver à custa da segurança social, do fundo de desemprego, dos subsídios do Orçamento do Estado ou dos fundos da CE não é solução sustentável.

Começa a bulir em muitos de nós uma angustiante sensação de que o modo de vida da nossa geração caracterizado pela civilização da abundância e do desperdício -- em que os frangos deixaram de vir do galinheiro para passar a vir do supermercado!-- estará prestes a chegar ao fim. Será que estamos preparados para isso?

No meio de tantos outros concelhos do nosso interior rural, Almeida é um concelho que está exposto a um futuro incerto. Não tem população, não tem recursos energéticos, tem pouca terra arável e de fraca qualidade, tem um clima agreste e muito pode sofrer numa eventual situação de crise. É certo que tem história, tem ar puro, mas só isso é muito pouco!

Mas não serei pessimista ou derrotista; o homem sempre soube ultrapassar dificuldades. Aqueles homens que há alguns (poucos) milhares de anos deixaram gravadas imagens nos xistos do Côa, povoaram com sucesso estas terras. Também nós, no futuro , sejam quais forem as dificuldades, havemos de ser capazes de retirar da terra o sustento e viver em harmonia com a Terra-Mãe.

Mas as maiores ameaças, no futuro, pairam sobre os grandes aglomerados urbanos e os seus tristonhos subúrbios que são “sítio nenhum” de onde só se pode fugir quando os alimentos escassearem e os depósitos dos automóveis ficarem irremediavelmente vazios.

Nessa trágica eventualidade, terras como S. Pedro do Rio Seco serão, outra vez, terras de regresso e até terras refúgio...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Uma Cabrinha que vai dar à Luz

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No passado dia 3 de Outubro a ASTA fez 9 anos. Na festa foi leiloado este quadro de Mestre Roberto Chichorro, um dos mais conhecidos pintores da actualidade. Pois o quadro foi adquirido por uns amigos da RioVivo, e, um dia destes, poderá ser visto em S. Pedro do Rio Seo.

Que acham de escolhermos esta cabrinha para ser o Ex-libris da Rio Vivo?


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Projecto

Projecto para concurso ao prémio Riba-Côa instituído pela Fundação Vox Populi

Concorrente: Pró-Associação Rio Vivo

A Pró-Associação Rio Vivo foi constituída por um grupo de cidadãos reunidos em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, com o propósito de formar uma associação cívica com finalidades específicas. Para tal assinaram a Declaração de Princípios que se anexa.

Objectivo : adaptar o conceito de comunidade de transição a uma pequena localidade da Beira Interior: S. Pedro do Rio Seco


PREÂMBULO

Concelhos do interior: caracterização do presente e o drama da ausência de estratégia para o futuro

Todos os concelhos do interior do país, em particular os da raia beirã, vivem uma situação preocupante. Com uma população escassa e envelhecida, sem actividades produtivas relevantes, socialmente entorpecidos e economicamente debilitados, caminham para o definhamento e a irrelevância. Nos últimos tempos têm vindo a ser alimentados por “balões de oxigénio” que se estão a esgotar, e o seu futuro está em risco.
É urgente delinear estratégias que permitam a sua revitalização. Os governantes, e particularmente os responsáveis do poder local, não podem fechar os olhos à realidade e ficar indiferentes. Há que fazer o diagnóstico da doença e equacionar as soluções para o tratamento que se impõe.
Nas décadas do pós-guerra, o enorme crescimento da economia mundial foi abrindo caminho ao fenómeno da globalização. As populações rurais foram atraídas para as cidades, sobretudo do litoral, em busca de melhores condições de vida, melhor economia e mais conforto. O êxodo maciço para a Europa, a partir dos anos 60, fez desaparecer as práticas, as tradições rurais e a economia de subsistência, que caracterizavam a vida das gentes de Riba-Côa. Ainda assim, foram as remessas destes emigrantes que deram um forte contributo para o equilíbrio dos orçamentos do país.
Mais tarde, o regresso dos retornados de África, as subvenções sociais e os subsídios e fundos que se seguiram à adesão de Portugal à União Europeia, originaram um progresso aparente. Modernizaram-se as casas de habitação, pavimentaram-se as ruas, veio a água canalizada, a electricidade e o saneamento básico. Em resultado de todos estes movimentos, a fisionomia das povoações do interior saiu beneficiada. Mas o progresso foi aparente, já que não se baseou em actividades novas, nem desenvolveu a produção local. As aldeias e vilas ficaram cheias de vida no mês de Agosto, e vazias no resto do ano.
Animado pela mobilidade propiciada pelo automóvel, pelas férias pagas, pelo maior tempo de lazer, pelo desafogo económico e pelas condições ambientais favoráveis, o turismo foi encarado como aposta de desenvolvimento para certas regiões rurais. A criação das aldeias históricas procurou alimentar esse filão. Mas nem o potencial do mercado correspondeu às expectativas, nem se criaram os produtos adequados e necessários, mormente na hotelaria.
As obras públicas, a recuperação de habitações e a construção animaram a actividade económica, mas não se viram aparecer outras estruturas produtivas. Desapareceu o comércio tradicional (tabernas e mercearias de aldeia), substituído por cadeias de distribuição de ambos os lados da fronteira, que parecem prosperar. Mas isso não constituiu um factor de desenvolvimento local, uma vez que elas se limitam a escoar produtos vindos de fora. Não estimularam a produção local, contribuindo mesmo muitas vezes para a fazer estiolar, por razões de competitividade e concorrência.
O futuro é assim incerto e sombrio. Fechou o ciclo da emigração para a Europa. O ciclo dos subsídios da União Europeia acabará dentro de poucos anos. Entretanto sobreveio a crise mundial, agravando o estado das coisas: crise energética, que restringirá a mobilidade e reduz o crescimento económico; e crise financeira, que dificulta o financiamento de novos negócios. A agravar o quadro, se a crise conduzir a uma situação de inflação, isso não deixará de ter fortes reflexos no poder de compra das reformas e subvenções.
Que futuro, então?! – perguntar-se-á. Almeida, como qualquer outra região similar, precisa de estar atenta aos sinais dos tempos. Qualquer caminho de progresso assenta na criação de riqueza, no aproveitamento das potencialidades do concelho, com respeito pelos valores ambientais e pela sustentabilidade do desenvolvimento. Urge uma estratégia que seja viável e coerente.

Transição: porquê e para quê

O mundo vive um tempo de mudança que já se adivinhava, e esta crise parece querer mostrar que está cada vez mais iminente. Estamos a viver os últimos tempos de uma fase de progresso espectacular, que trouxe uma prosperidade nunca imaginada pelos nossos avós. O mundo tornou-se mais pequeno por força da Televisão, as distâncias encurtaram por influência do automóvel. Estas transformações estão a mudar as mentalidades, e as formas de comunicar e de aceder às notícias. Assistimos à formação de comunidades virtuais, onde os jovens hoje se conhecem e partilham experiências, que os mais velhos acham estranhas e impenetráveis.
A razão de ser desta nossa época tem muito a ver com a disponibilidade de energia abundante e barata, como foram os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural). Ela trouxe um grande conforto a uma boa parte do mundo, transformou as nossas cidades ao jeito do automóvel, aquece e arrefece as nossas casas. De tal forma que não podemos imaginar o mundo sem essa energia.

Uma tal disponibilidade energética abriu campo ao consumismo moderno. O nosso tempo é um tempo onde se consome em excesso, onde se desperdiçam conteúdos e embalagens, onde se desaprendeu o antigo saber artesanal de fazer as coisas. Ora não é possível manter por muito mais tempo esta sociedade de consumo, responsável pelo esgotamento de recursos, por uma deslocalização da produção, pelo desfazer do modo de vida tradicional.

As consequências destes excessos já são visíveis nas alterações ambientais e climáticas, no esgotamento, a prazo breve, dos combustíveis fósseis, na poluição, na escassez de água e dos recursos minerais, na sustentabilidade. E tudo isto irá pesar sobre as cabeças dos nossos filhos. Um número crescente de pessoas vai tomando consciência da necessidade imperiosa de fazer qualquer coisa. Por toda a parte surgem movimentos, criam-se comunidades em busca de respostas, procurando alternativas, racionalizando consumos, reciclando os lixos, ensaiando formas novas de sustentabilidade. Largas camadas de pessoas começam a ter consciência de que o futuro terá que ser diferente, e que a mudança não irá acontecer espontaneamente. Teremos de ser nós a prepará-la.
Muita gente fala já de uma nova economia, embora ainda não exista uma ideia clara de como ela irá ser. Sabe-se melhor o que “não poderá”, do que aquilo que “deverá” ser. Há que alterar modos de vida, voltar a dar importância ao que é local, reduzir consumos, evitar desperdícios, melhorar a eficiência dos recursos, em particular da energia.

O conceito de transição está subjacente a esta mudança, e as comunidades serão o suporte dessa transição. Nada se poderá fazer individualmente. Por isso é necessário preparar essa mudança e esse é o objectivo central do nosso projecto.

São Pedro é o local ideal: pouca população um largo território, ainda não tem industrias poluentes,

Rejuvenescer o tecido humano, a tarefa prioritária

As aldeias do interior envelheceram,
Hoje não existe mais mocidade, as escolas fecham, aparecem os lares, numa palavra as aldeias estão a morrer. Precisamos de inverter esta tendência e não podemos esperar muito.


O nosso projecto

Estudar as transformações para fazer de S. Pedro do Rio Seco, uma aldeia de transição.
I -
1. Uma boa abelha não pousa em flores murchas
“Apiterapia é a ciência da cura das enfermidades com produtos apícolas, embora tendo uma denominação nova, tem profundas raízes na medicina tradicional de muitos povos. Há registos que relatam a pratica da apicultura e o uso dos produtos apícolas pelos egípcio há cinco mil anos. Criar abelhas não se destina tão somente a produção de mel, mas também à polinização agrícola, produção de própolis, pólen, geleia real e apitoxina.”

É, pois, a apicultura uma das actividades que, apesar de já ser praticada por alguns dos nossos conterrâneos, pode ser mais ampliada. A realização de um curso sobre apicultura, o estudo da flora da região e a distribuição gradual de colmeias pelo terreno são actividades que talvez sejam bem aceites pela população. A colocação, em local a estudar, de uma colmeia transparente ajudará à adesão a esta actividade.

2. Compostagem
A Tradição… já não é o que era
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A maioria de nós certamente ainda se lembra dos montes de estrume que proliferavam por toda a povoação, quer nos currais anexos aos palheiros dos mais diversos animais, quer nos "currais" onde, junto das habitações, aves de capoeira de toda a espécie (galinhas, perus, patos, porcos, …) esgravatavam e chafurdavam ao longo do dia. De vez em quando, os currais eram limpos e o produto dessa limpeza lá ia aumentar o monte de estrume. No dia seguinte, as galinhas lá iam esgravatar em busca de vermes e insectos (minhocas, roscas (larvas de besoiros), bichos de conta, …) que de forma paciente e lenta contribuíam, com a ajuda do calor e humidade, para curtir aquele estrume.
A higiene não era das melhores e os cheiros não eram os mais agradáveis, convenhamos. Mas todos nós, com certeza, estamos de acordo em que essa deficiente higiene e maus cheiros se ficavam a dever, não tanto aos montes de estrume em si, mas às circunstâncias que rodeavam a sua existência – proximidade das habitações, limpeza de galinheiros, cortelhas e palheiros directamente para o monte de estrume, sem qualquer isolamento ou cobertura. O estrume curtido não era tão mal cheiroso assim, revestia-se de uma certa peculiaridade – cheiro de matéria orgânica curtida a caminho da terra.
Esta era a tradição há umas dezenas de anos atrás.
Como em tudo e em nome de uma higiene que se quis impor à força, vem a colocação de contentores de lixo por todas as povoações. Com poucos contentores e sem pessoal e camiões suficientes, os contentores enchiam com facilidade, em seu redor amontoavam-se os sacos de lixo que satisfaziam a gula dos cães e locais, que deveriam ser de higiene, transformavam-se em lixeiras ainda mais nauseabundas do que as estrumeiras tradicionais. Os aterros sanitários começaram a não comportar todo o lixo produzido. Começa a falar-se de compostagem doméstica e este tipo de compostagem faz com que

A Tradição … volte a ser quase como era.
A compostagem doméstica permite ao cidadão proceder à valorização dos seus resíduos orgânicos, no próprio jardim ou quintal. Este tipo de compostagem promove a decomposição de resíduos domésticos orgânicos por acção de micro organismos, poupando custos ambientais (poluição) e económicos de transporte e deposição desses resíduos em aterro.
A compostagem é uma actividade que vem retomar uma tradição antiga de juntar os resíduos orgânicos (restos de alimentos vegetais, ervas da horta, jardim, passeios, … e restos de plantas), separando-os de outros materiais difíceis de reciclar como plásticos, vidros, … e lançá-los para "curtirem em novos montes de estrume". É necessário retomar esta técnica tradicional, adaptada à luz dos novos conhecimentos.
Acções de formação, distribuição de textos e cartazes, bem como compostores a aderentes a este tipo de reciclagem parece-me estarem no âmbito dos objectivos da Associação Rio Vivo.
ALA

II -
Creio que a organização e montagem de rotas de pedestrianismo poderia ir ao encontro dos objectivos da Rio Vivo.
Esta prática está largamente difundida, tem milhares de prosélitos, mas não parece ainda organizada no concelho.

A partir de S. Pedro:
- estabelecimento de percursos pedestres (rotas de contrabando ou outras);
- variante de passeios de burro, a aprofundar, pela logística que implica;
- variante de bicicleta BTT, talvez em ligação com Aldeia de S. Sebastião, onde já existe algo.

A partir de Almeida:
- estabelecimento de percursos pedestres, de dimensão variada, sobretudo integrando a história. Introduzi-la em percursos, sobretudo intra-muros, parece-me corresponder a uma necessidade comum.
JC

III -
Avanço, também, com algumas sugestões de actividades que poderão animar alguns fins-de-semana, aproveitar algumas das potencialidades de S. Pedro e dinamizar a juventude na sua realização.
1. corridas de carros de rolamentos, construídos pelos condutores (modelos, percursos, regras e arruamentos a definir pela equipa organizadora);
2. Recolha e análise das águas sulfurosas das Fontes de Casa Sola (representadas nas fotografias). As análises ditarão se se justificará ou não a remodelação da Fonte de modo a permitir uma recolha e aproveitamento higiénico e saudável das suas águas;
3. Realização do “Ciclo do Pão”.
• Preparação da terra nas suas diversas épocas do ano, sementeira, ceifa, trilha, moagem, cozedura.
Esta actividade poderá ser a mola impulsionadora para atingir outros objectivos menores que conduzirão a associação ao “Objectivo Final”. Enumero, em forma de tópicos, alguns temas a desenvolver para levar a bom termo esta actividade:
• Recolha ou fabrico de utensílios agrícolas tradicionais;
• Preservação de algumas espécies animais (asininos ou muares);
• Utilização simultânea, nas trilhas, da técnica tradicional (animais) com novas tecnologias (motos de quatro rodas a puxar os trilhos);
• Dinamização do “Caminho dos Moinhos”, S. Pedro – Côa, e reparação de alguns moinhos do Côa (contactos com a Câmara Municipal e Juntas de Freguesia a que eles pertencem);
• Moagem do cereal;
• Recolha o fabrico de masseiras, cernideiras, peneiras, tabuleiros, …
• Recuperação ou construção do “Forno colectivo”;
• Cozedura do pão (simples, com carne gorda, chouriço ou mesmo sardinhas), bolos, roscas e passarinhos da Festa Grande;
• Museu
• …
Como facilmente se depreende, esta actividade enquadra-se perfeitamente nas sugestões já expostas neste blogue por JC:
Nota: Já há conterrâneos que, uma vez de férias em S. Pedro, pegam na sua bicicleta BTT e ei-los a caminho do Côa, por carreiros, saltando trancos e barrancos, guiados pelo seu GPS.
Como complementar indicarei ainda:
• O “Ciclo do Linho”.
• A realização de alguns jogos tradicionais que pode coincidir e ajudar a preencher “Um Dia de … (qualquer coisa)”

Com a realização de algumas destas actividades penso que poderão “matar-se não um mas muitos coelhos”. Assim o espero.
ALA

IV -
Horta biológica
Creio que poderão reunir-se condições para pôr a funcionar uma coisa dessas. É preciso tempo de germinação.
JC

V

Introdução


S. Pedro do Rio Seco é, actualmente, uma aldeia com poucos habitantes e com média etária elevada o que significa que os jovens foram procurando outras paragens que respondessem aos anseios num movimento migratório que vem de há muito anos.
O livro “S. Pedro do Rio Seco - Contribuição para uma Monografia” de José da Fonseca Ramos, no Cap. IV “O Crescimento da nossa Terra – Evolução da População” dá-nos conta dessa evolução numérica ao longo da história documentada.
Por essa obra ficamos a saber que S. Pedro foi, durante muitos anos, a freguesia mais populosa do concelho (falamos do concelho de Castelo Bom ao qual S. Pedro pertenceu até ao ano de 1834) e que a construção da linha férrea até Vilar formoso passando também por Freineda rapidamente alterou o número de habitantes a favor destas duas freguesias. O incremento da oferta de trabalho e comércio que este facto trouxe bastou para fixar mais pessoas.

A agricultura representou, desde sempre, a principal actividade das populações das aldeias do interior como S. Pedro. Havia outras como sapateiro, barbeiro, carpinteiro, moleiro…, que não dispensavam a simultaneidade da actividade agrícola necessária como complemento de subsistência. O contrabando para o país vizinho, aproveitando o factor vizinhança, também trazia algumas benesses.
A fraca produtividade agrícola, devido à pobreza dos solos por um lado e à sempre ausente reestruturação fundiária por outro, com os terrenos, de geração em geração, sucessivamente divididos, não trazia a resposta que as famílias ansiavam.
O movimento migratório foi a resposta natural. Primeiro para as Américas, África e Europa depois. Os grandes centros urbanos do continente iam acolhendo também muitos jovens..
E por esta rampa foi escorregando a população de S. Pedro!

Recentemente, falo num intervalo de poucos anos, algumas iniciativas puseram esta rampa menos inclinada: O Centro Social, alguns melhoramentos como jardinagem e arborização, arruamentos, a construção da ETAR, aquisição de máquinas em associação com outras freguesias do concelho, a dotação recente do importante pavilhão polivalente, etc., têm dado emprego que, para uma pequena freguesia como S. Pedro, tem tradução importante na fixação das pessoas.
Por outro lado, melhores meios de comunicação (o automóvel tornou-se um meio de transporte mais acessível), deixaram as pequenas aldeias como S. Pedro menos isoladas e permite à população activa conseguir empregos noutras terras regressando à aldeia no fim do dia de trabalho.
A agricultura perdeu a importância que tinha e é, actualmente, uma actividade com grandes dificuldades. A construção civil, alguns empregos na pequena indústria e serviços completam as actividades que dão ocupação.

S. Pedro do Rio Seco sempre foi uma aldeia bonita e harmoniosa, mesmo tirando a avaliação suspeita de quem nela nasceu. É também a opinião de muitas pessoas que a visitam e que sem favor assim a classificam. A mais valia que foi adquirindo com algumas obras recentes da iniciativa da Junta de Freguesia e Câmara Municipal tornaram-na ainda mais acolhedora. Aos melhoramentos já referidos acrescentemos também:
- Melhoria das vias de comunicação.
- Instalação de água ao domicílio
- Rede de saneamento e ETAR
- Beneficiação de monumentos (igreja, capela, fonte romana, chafarizes)
- Identificação e sinalização de importantes testemunhos do passado como as sepulturas
antropomórficas, lagar romano e cruzeiros (estes de tipo religioso).
A recuperação de casas por iniciativa dos seus proprietários tem trazido também uma importante valorização à aldeia.

S. Pedro do Rio Seco é, podemos afirmá-lo, uma aldeia bonita, harmoniosa, com condições para acolher quem a queira visitar.

Área rural

Falámos apenas da aldeia dentro dos seus limites urbanos.

Mas S. Pedro tem também uma importante área rural, com uma paisagem atractiva e rica em biodiversidade.
Refiro-me a alguns milhares de hectares de um planalto ligeiramente ondulado com terrenos cerealíferos e pastagens, que a floresta, do tipo pequeno bosque, tem vindo a conquistar mas onde se mantêm largas clareiras que constituem um habitat que dá suporte a vários e importantes nichos ecológicos. A sua área é atravessada por duas linhas de água, o Rio Seco e Ribeira dos Toirões, com caudal de água pouco significativo mas elevada influência ambiental e dinâmica de algumas populações zoológicas e botânicas.
Também a geologia se manifesta com beleza. Há rochedos graníticos, os barrocos, moldados com a beleza que só os elementos souberam fazer com a paciência de milhões de anos. Alguns são mesmo emblemáticos (chamemos-lhes assim) como é o caso do barroco basculante, que com as largas toneladas de peso pode ser oscilado com a força de uma ou duas pessoas! Há também uma área com predominância de quartzo rosado, que de onde em onde se apresenta com bonitos cristais.

Esta área rural é a continuidade geográfica do Parque Natural do Douro Internacional (fica a uma escassa dezena de quilómetros), com características de biodiversidade de igual continuidade.
Vejamos algumas espécies que utilizam este habitat:

1 – Aves

Largas dezenas de espécies de aves nidificam neste território; algumas raras e por isso com classificação apropriada na legislação específica para as aves. É o caso da abetarda, da cegonha negra, do pirolis… Sem a classificação de raras mas que poucas vezes se observam noutras áreas do território nacional e nunca nas zonas urbana como é o caso das cidades, refiram-se, entre outras, os abutres (abutre negro, o grifo, o abutre do Egipto) aves de rapina (milhafre real, milhafre negro, falcão, águias, peneireiros, mochos, corujas, noitibós). Também fazem parte deste habitat algumas com grande beleza das suas penas e por isso não será exagero classificá-las como exóticas. É o caso da poupa, abelharuco, duas subespécies de pica-paus, o papa-figos conhecido localmente como marintéu, o raro e fugidio guarda-rios, o picanço barreto, etc.
O pato-real, galinha de água, a garça-real e as cegonhas, branca e a negra são as aves que na época de reprodução podemos observar garantidamente nas ribeiras e nas charcas.
Quanto a andorinhas podem ser observadas, pelo menos, três subespécies: andorinha dos beirais, a mais comum, andorinha das rochas e a andorinha dáurica esta rara e da qual apenas se conhece um ninho localizado junto à Ribeira dos Toirões.










Foto 1 – Ninho de andorinha dáurica




2 – Mamíferos carnívoros:

Doninha, geneta, toirão, papalva, texugo, gato-bravo, raposa e lontra.
A lontra tem como limite territorial uma altitude à volta dos 750m, atingindo nesta zona esse limite.

3 - Répteis, anfíbios e insectos com destaque especial para algumas espécies raras de escaravelhos.

4 – Animais domésticos:

Vacas, ovelhas, cabras, burros, cavalos, galinhas…










Foto 2 – Gado vacum




Uma visita a S. Pedro do Rio Seco

1 – Vista geral á aldeia com visita da igreja e fonte romana

2 – Passeio rural

Podem ser propostos vários circuitos. Apresenta-se apenas um como exemplo.

Circuito 1


- Início: Junto ao cruzeiro ao Chorro
- 400 m depois: sepulturas antropomórficas.
- Carcidade: local onde provavelmente a aldeia “nasceu”
- 200 m depois virar á direita na direcção do Vale das Devesas onde se podem observar mais sepulturas.
- seguir para Nave Rodrigo até à ponte











Foto 3 – Ponte de nave Rodrigo




- Atravessar a Ribeira e seguir até à raia atravessando uma área onde não é permitido caçar.
- seguir na direcção da “caseta” até à Ponte Pequena na Ribeira dos Toirões.










Foto 4 – Ponte pequena





- regressar pela Salgueirinha, Casa Sola, e novamente Carcidade.

O que pode ser realçado neste circuito:

1 – Sepulturas antropomórficas
2- Formações graníticas, algumas com características curiosas como o rochedo basculante, já mencionado.
3 – Botânica:
carvalho negral
carvalho Cercal (raro nesta zona)
carvalho alvarinho (raro nesta Zona)
freixo
pinheiro bravo
salgueiro
sabugueiro
etc.
Árvores de fruto:
Macieiras, pereiras, cerejeiras, ameixieiras, figueiras, marmeleiros…

Arbustos:
Giesta branca e giesta amarela, rosmaninho, bela luz, tojo, espinheiro…
Hortas: identificar plantas e produtos hortícolas











Foto 5 - Horta



Zoologia:
Aves diversas, dependendo da época do ano
Alguns ninhos:



















Foto 6 – Ninho de cotovia; o ovo de cor diferente é de cuco.
















Foto 7 – Ninho de pega azul com
juvenis(primavera 2009)












Foto 8 – Ninho de perdiz
(primavera 2009)



Répteis
Grande variedade de insecto

(os mamíferos carnívoros, por terem uma actividade quase exclusivamente nocturna dificilmente se deixam observar durante o dia exceptuando nas horas crepusculares.

È exigido a não perturbação do meio.

Os circuitos podem ser valorizados com algumas estruturas pouco dispendiosas de que se dão alguns exemplos fotográficos:







Foto 9 – Local de observação







Foto 10 – identificação de espécies botânicas. (exemplo típico)




Obras de valorização ambiental

1 – Pequenas represas de água a construir no Rio Seco e Ribeira dos Toirões, aprovadas pelas entidades hidráulicas competentes de forma a garantir, equilíbrio ambiental, que garantam caudais ecológicos e não constituíam barreiras intransponíveis, autênticos garrotes para a vida aquática.

Estas estruturas, a construir a prazo, acrescentariam as seguintes vantagens:
– Dinâmica nas populações aquáticas permitindo um eventual repovoamento com peixes, bivalves de água doce e aves.
- Embelezamento
- suavização do clima

2 – Construção de estruturas de observação se tal se mostrasse necessário.


O circuito aqui “desenhado” que se dirige mais especificamente a pessoas que gostam de “viver” um dia de campo, não é o único objectivo desta modesta ideia. Pode responder também a estudos académicos no âmbito das ciências biológicas, geológicas ou sociais para as quais não falta campo laboratorial.

Conclusão

Nos tempos que correm, é notoriamente crescente o número de pessoas que se sentem bem em contacto com a natureza e por isso se evadem dos grandes centros urbanos onde vivem rodeados de multidões mas quantas vezes bem sós, e procuram, quase sempre em pequenos grupos, lugares rurais, bem longe dos semáforos, do stressante atravessar a rua, das intermináveis filas de automóveis para ir e vir do trabalho, ver o telejornal e telenovela, com repetição no dia seguinte.

E as notícias, em regra, não são boas. Falam do aquecimento global com desaparecimento da calote polar e deixa-nos um pouco perturbados embora pensemos que isso não nos vai tocar a nós quando muito ao vizinho do lado. Vemos cheias e secas onde, dizem, antigamente não havia. Falam-nos da falta de água para consumo, para a agricultura e para produzir electricidade. Olhamos pela janela e perguntamos quanto tempo vai durar o petróleo que alimenta aquela fila de automóveis e a chaminé da fábrica que se vê ao longe.

Há uma crescente onda de preocupação que nos arrasta para a necessidade de mudança, para uma sociedade de transição.

Este pequeno projecto pretende ser o contributo de uma pequena comunidade como é S. Pedro do Rio Seco para responder aquelas pessoas que pretendem evadir-se da cidade, aquelas que querem a mudança, a transição.

Equipa que trabalhará no projecto

O projecto será dirigido por um elemento da pró associação Rio Vivo a ser escolhido entre os subscritores da carta de intenções.
Pretende-se afectar pessoal qualificado ao desenvolvimento do projecto. A ideia é recrutar um recém-licenciado como estagiário que trabalhará em full time, de preferência em S. Pedro. Será considerada uma remuneração para esse estagiário.

Está criada www.ariovivo.blogspot.com

Desenvolver a ideia em volta do conceito

S. Pedro do rio seco, uma comunidade em transição

Tarefas a desenvolver na fase de projecto

1) Criação do Blog RioVivo
2) Consolidação da pró-associação Rio Vivo, angariação de associados para formar a associação

3) Redacção dos estatutos e constituição da associação

4) Conhecer o território, preparar uma breve monografia da aldeia, dados históricos, dados de produção local,

5) Sensibilização da população residente para os problemas que afectam o nosso mundo

6) Acções de formação, palestras, filmes comentados

7) Contacto com outras comunidades em transição , visitas de alguns elementos da RioVivo a alguma dessas localidades, possivelmente será Totnes em Inglaterra

8) Desenvolvimento de projectos e ideias para a a transição, como por exemplo:

(a) Baseados na produção local
(b) Aproveitamento dos recursos existentes
(c) Defesa do património paisagístico, fauna e flora
(d) Recuperação de formas de viver tradicionais
(e) Atracção de jovens, criação de emprego
(f) Recuperação de casas
(g) Etc..

9) Contactos com autoridades, câmara municipal, outras associações, órgãos de comunicação

10) Arranjar uma sede

Mapa de timings (clicar no mapa para ampliar)

O projecto terá a duração de 8 meses





ANEXO. Carta de intenções (É a declaração de S. Pedro, já apresentada no Blog)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Rio Vivo 6 - JC2

DECRESCIMENTO
O sistema de valores e princípios sobre os quais assentou a organização da vida das sociedades humanas no último século, particularmente daquelas mais evoluídas tecnicamente, conduziu a um desequilíbrio planetário multifacetado, que já não é possível negar. O conceito de progresso humano baseado no produtivismo, na exploração desenfreada de recursos, no crescimento contínuo e na confiança cega no império das ciências e das técnicas, é cada vez mais posto em causa pela realidade física em que vivemos. Além de climatérica, energética, económica e ambiental, a crise que nos cerca é também filosófica, antropológica e política.
É assim que lentamente vai ganhando força a consciência de que urge definir o progresso humano de outro modo, criando modos de vida mais simples e com outro sentido. Quais eles sejam não é ainda claro. Talvez porque, como dizia o outro, no hay caminos, se hace camino al andar.
Em 1993, a revista SILENCE, de Lyon, publicou um dossier sobre o decrescimento, com excertos do livro do criador do conceito Nicholas Roegen.
Em 2004 apareceu o mensário La Décroissance, também em Lyon. E em 2008 surgiu a Entropia, revista teórica e política do decrescimento.
Entretanto formaram-se organizações como o MOC - Movimento dos Objectores do Crescimento. E em Outubro de 2008, Yves Cochet defendeu sem grande sucesso as teses do decrescimento, na tribuna da Assembleia Nacional Francesa.
É pensamento comum a todos estes campos que, por razões objectivas, deixará de haver crescimento tal como o temos entendido. Que só o decrescimento pode salvar o planeta. E que é esbarrando nos limites da biosfera que a humanidade será obrigada a tornar-se sensata.
O princípio dos 8 R's abarca genericamente o seu pensamento: Reavaliar, Reconceptualizar, Reestruturar, Redistribuir, Relocalizar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Mas não é nada fácil a concretização de alternativas. Os teorizadores destes movimentos criticam as ilusões do desenvolvimento sustentável. E sem defenderem a diminuição da produção, manifestam desconfiança em relação à democracia representativa, advogando a democracia directa e a acção associativa concreta.
A revista Silence privilegia o relato de experiências que prefiguram a sociedade a construir.
Na Inglaterra surge o conceito de cidades de transição, empenhadas no decrescimento energético, na relocalização, numa economia social e solidária e nas energias renováveis.
Trata-se de movimentos de carácter embrionário, algo utopista e marginal, dos quais se mantêm afastados todos os partidos tradicionais. A sua maior fragilidade está em que pouco conseguem dizer sobre o futuro a que aspiram. Sabem mais o que não querem, do que aquilo que desejam construir.
Na Europa, na América, no Canadá... vive-se o momento do debate de ideias, impasses e contradições.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Transição: porquê e para quê



O mundo vive um tempo de mudança, que já se adivinhava, e que esta crise parece querer mostrar que está cada vez mais iminente. Estamos a viver os últimos tempos de uma fase de progresso espectacular que viu chegar a globalização, que trouxe uma prosperidade que os nossos avós nunca teriam sequer imaginado, viu o mundo tornar-se mais pequeno por influência da Televisão, viu as distâncias encurtarem-se por influência do automóvel. Mudanças que estão a mudar mentalidades, formas de comunicar e de aceder às notícias; assistimos à formação de comunidades virtuais onde os jovens se conhecem e partilham experiências que os mais velhos acham estranhas e impenetráveis.

A razão de ser desta época tem muito a ver com o acesso a energia abundante e barata, caso dos combustíveis fosseis, carvão, petróleo e gás natural. Energia que trouxe um grande conforto a uma boa parte do mundo, que transformou as nossas cidades ao jeito do automóvel, que aquece e arrefece as nossa casas, de tal forma que o mundo já nem se pode imaginar sem essa energia, ou sem a electricidade que dela deriva.

Consumo exagerado… o nosso tempo é um tempo onde se consome em excesso, se desperdiçam embalagens, se desaprendeu a velha arte artesanal de fazer as coisas. Não é possível manter por muito mais tempo esta sociedade de consumo, que é responsável pelo esgotamento de recursos, por uma deslocalização da produção, pelo desfazer do modo de vida tradicional.

Mas as consequências destes excessos já são visíveis, as alterações climáticas, o previsível esgotamento a prazo, dos combustíveis fosseis, a poluição, o problema da água, dos recursos mineiros, da sustentabilidade, tudo misto irá pesar sobre as cabeças dos nossos filhos. Cada vez maior número de pessoas toma consciência da necessidade de fazer qualquer coisa, já se criam por toda a parte movimentos, comunidades que querem dar respostas, procurando alternativas, racionalizando o consumo, reciclando os lixos, procurando formas novas de sustentabilidade. Começamos a ter consciência de que o futuro será diferente e que a mudança não irá acontecer espontaneamente, teremos de ser nós a prepará-la.
Muita gente já fala de uma nova economia, muitas vezes ainda não existe a ideia clara de como irá ser, sabe-se mais como “não poderá ser,” , há que alterar modos de vida, voltar a dar importância ao que é local, reduzir consumos, evitar desperdícios, melhorar a eficiência dos recursos, em particular da energia.

O conceito de transição está subjacente a esta mudança, as comunidades serão o suporte dessa transição, nada se poderá fazer individualmente, é pois preciso preparar essa mudança e esse é o objectivo central do nosso projecto.

S Pedro é o local ideal: pouca população um largo território, ainda não tem industrias poluentes,

Rejuvenescer o tecido humano, esta é a tarefa prioritária

Hoje não existe mais mocidade, as escolas fecham, aparecem os lares, numa palavra as aldeias estão a morrer. Precisamos de inverter esta tendencia e não podemos esperar muito. Um dia, irão também faltar os velhos para encher os lares...


Luís Q

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

HOC OPUS, HIC LABOR EST


Na colaboração enviada para o Blogue “ariovivo” JC afirma”Feito o diagnóstico geral adoptado o conceito (feliz) de comunidade de transição chega o momento em que a porca torce o rabo. O momento da passagem à prática. Que gestos praticar, que abram caminho a modos de vida alternativos?”
Como assinante da “Declaração de S. Pedro” venho dar o meu contributo para ajudar a destorcer o “rabo da porca” e a abrir caminhos para alcançar os objectivos que nos propusemos.
Assim, para que se possa avançar, julgo imprescindível, sem que a ordem dos passos a seguir seja necessariamente esta, o seguinte:
• Redacção dos Estatutos da Associação Rio Vivo;
• Proceder à formalização (legalização) da Associação Rio Vivo;
• Iniciar uma fase de divulgação dos Princípios da Associação e, simultaneamente a angariação de “sócios, aderentes, colaboradores” como venham a ser designados;
• Marcação de uma Assembleia-geral da Associação para aprovação dos Princípios e Estatutos.
Nota: Não domino “o modus faciendi” para a criação de uma associação e, por isso estes pontos devem ser considerados como simples sugestões.

Avanço, também, com algumas sugestões de actividades que poderão animar alguns fins-de-semana, aproveitar algumas das potencialidades de S. Pedro e dinamizar a juventude na sua realização.
1. corridas de carros de rolamentos, construídos pelos condutores (modelos, percursos, regras e arruamentos a definir pela equipa organizadora);
2. Recolha e análise das águas sulfurosas das Fontes de Casa Sola (representadas nas fotografias). As análises ditarão se se justificará ou não a remodelação da Fonte de modo a permitir uma recolha e aproveitamento higiénico e saudável das suas águas;
3. Realização do “Ciclo do Pão”.
• Preparação da terra nas suas diversas épocas do ano, sementeira, ceifa, trilha, moagem, cozedura.
Esta actividade poderá ser a mola impulsionadora para atingir outros objectivos menores que conduzirão a associação ao “Objectivo Final”. Enumero, em forma de tópicos, alguns temas a desenvolver para levar a bom termo esta actividade:
• Recolha ou fabrico de utensílios agrícolas tradicionais;
• Preservação de algumas espécies animais (asininos ou muares);
• Utilização simultânea, nas trilhas, da técnica tradicional (animais) com novas tecnologias (motos de quatro rodas a puxar os trilhos);
• Dinamização do “Caminho dos Moinhos”, S. Pedro – Côa, e reparação de alguns moinhos do Côa (contactos com a Câmara Municipal e Juntas de Freguesia a que eles pertencem);
• Moagem do cereal;
• Recolha o fabrico de masseiras, cernideiras, peneiras, tabuleiros, …
• Recuperação ou construção do “Forno colectivo”;
• Cozedura do pão (simples, com carne gorda, chouriço ou mesmo sardinhas), bolos, roscas e passarinhos da Festa Grande;
• Museu
• …
Como facilmente se depreende, esta actividade enquadra-se perfeitamente nas sugestões já expostas neste blogue por JC:
“A partir de S. Pedro:
- estabelecimento de percursos pedestres (rotas de contrabando ou outras);
- variante de passeios de burro, a aprofundar, pela logística que implica;
- variante de bicicleta BTT, talvez em ligação com Aldeia de S. Sebastião, onde já existe algo.”
Nota: Já há conterrâneos que, uma vez de férias em S. Pedro, pegam na sua bicicleta BTT e ei-los a caminho do Côa, por carreiros, saltando trancos e barrancos, guiados pelo seu GPS.
Como complementar indicarei ainda:
• O “Ciclo do Linho”.
• A realização de alguns jogos tradicionais que pode coincidir e ajudar a preencher “Um Dia de … (qualquer coisa)”

Com a realização de algumas destas actividades penso que poderão “matar-se não um mas muitos coelhos”. Assim o espero.

ALA
António Lourenço André

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Concelhos do interior: o drama da ausência de estratégia para o futuro

Fonte Romana em S.Pedro

Com a população envelhecida e sem actividades produtivas relevantes, os concelhos do interior do país, em particular os da raia beirã, têm vivido como que entorpecidos e estão economicamente debilitados. Têm sido alimentados por”balões de oxigénio” que se está a esgotar. O seu futuro é preocupante. Torna-se urgente começar a delinear uma estratégia que sirva para os recuperar. Os governantes, os autarcas, responsáveis por encontrar as respostas necessárias, não poderão ficar indiferentes. Há que fazer o diagnóstico e começar a equacionar as soluções para o tratamento que se impõe.

A partir dos anos do pós-guerra, como consequência do grande crescimento económico mundial que conduziu ao fenómeno da globalização e levou à evasão das gentes do campo para as cidades atraídas pelo emprego que possibilitava uma melhor economia e maior conforto, foi desaparecendo o modo de vida rural e a economia de subsistência que caracterizava o dia-a-dia das gentes de Riba-Côa. Seguiu-se um período durante o qual as remessas dos emigrantes, o regresso dos retornados de África, as subvenções sociais e os subsídios dos governos local e central, sobretudo nos anos que se seguiram à adesão de Portugal à União Europeia, originaram um progresso aparente (na medida em que não se criou riqueza nem se desenvolveu a produção local) que permitiu renovar as casas, pavimentar as ruas, trazer a água, a electricidade e o saneamento. As aldeias e vilas do interior passaram a encher-se no mês de Agosto e a esvaziar-se no resto do ano.

O turismo, animado pelo aumento da mobilidade trazido pelo automóvel, pelo maior tempo de lazer e pelo maior desafogo económico das populações, surgiu como a grande aposta de desenvolvimento para certas regiões rurais; iniciativas avulsas como a criação das aldeias históricas, alimentaram a ilusão de que existia um elevado potencial turístico. Mas não se criaram os “produtos” adequados nem apareceram os equipamentos necessários, nomeadamente na hotelaria, para lhes dar sequência.

As obras públicas, as recuperações de casas e alguma construção nova promovida pelos filhos da terra, ausentes, empregaram gente e animaram a actividade económica mas não se viram aparecer estruturas produtivas. O comércio tradicional (por exemplo, as tabernas e as mercearias das aldeias) foi desaparecendo, os novos supermercados dum e doutro lado da fronteira, roubaram-lhe o lugar e parecem prosperar; mas é ilusória a sua dinâmica como factor de desenvolvimento, pois apenas servem para escoar os produtos que vêm de fora, não estimulando a produção local.

O futuro é muito incerto: o ciclo da emigração para a Europa iniciado nos anos 60, já se fechou; o ciclo dos subsídios que sobreveio após a adesão à CEE, vai acabar dentro de poucos anos. A agravar as coisas o mundo atravessa um tempo de crise: é a crise energética, que irá provocar uma menor mobilidade das pessoas e a uma desaceleração do crescimento económico; é a crise financeira que arrasta para a falência grandes instituições bancárias e complica a vida aos que recorrem ao crédito para desenvolver novos negócios. Estas crises irão provavelmente conduzir o mundo a uma recessão económica com as inerentes dificuldades acrescidas para o cidadão comum, para o comércio, para os serviços e para a pequena indústria.
Conduzindo a crise a uma situação de inflação, tal poderá ter fortes reflexos no poder de compra das pensões de reforma e agravar muito a situação dos reformados e pensionistas.

Então, e agora, que futuro? – Perguntamos nós. Que tipo de desenvolvimento se pode planear para um concelho do interior, de que Almeida é apenas um exemplo com que ilustramos esta análise?

Almeida, como qualquer outra região, precisa estar atenta aos sinais do tempo: o mais aconselhável caminho de progresso assenta na criação de riqueza, ou, se preferirem, no aproveitamento das potencialidades do concelho com respeito pelos valores ambientais e pela sustentabilidade do desenvolvimento. Urge, pois, pensar, para o futuro do concelho, uma estratégia que seja viável e coerente.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Pico de Petróleo

No "link" assinalado abiaxo está uma dissertação sobre o tema do Pico do Petróleo, em Inglês.
Trata-se de um documento muito importante, contém os conceitos essenciais que ajudam a compreender esta problemática

HOW THE IMMINENT DECLINE OF GLOBAL OIL PRODUCTION WILL AFFECT INTERNATIONAL RELATIONS

Aconselho vivamente a sua leitura

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Declaração de S. Pedro

Foto A. André

"Reunidos em S. Pedro do Rio Seco no dia 9 de Agosto de 2009, os signatários manifestam a intenção de constituir a Associação Rio Vivo. Através dela, e em pleno respeito pela Natureza e pelo uso racional dos seus recursos, procuram contribuir para preservar o património cultural, as formas de vida, as tradições, os usos e os costumes que herdaram dos seus ancestrais.
Os signatários estão conscientes dos graves problemas que afectam o equilíbrio do planeta, e ameaçam pôr em causa a vida tal como a conhecemos: a poluição ambiental, o aquecimento global, as alterações climáticas dele resultantes, o rápido esgotamento de recursos naturais como a energia de origem fóssil, a terra arável, a água e outros. Estão preocupados com a extinção acelerada de espécies animais e vegetais, e com as ameaças que pairam sobre a diversidade biológica.
Num mundo globalizado, e particularmente na sociedade portuguesa, assistiu-se em poucos anos a uma rápida destruição dos modos de vida e dos equilíbrios tradicionais, sem que outros mais sustentáveis tivessem surgido. A fuga das populações rurais em busca de melhores condições de vida, e a sua concentração acelerada em subúrbios urbanos marcados pela precaridade, o desenraizamento e a fragilização, despovoou o interior e esvaziou as pequenas comunidades rurais.
Ora os signatários crêem que as pequenas comunidades rurais poderão vir a desempenhar um papel importante no futuro. Crêem que é fundamental tomar consciência dos perigos que ameaçam a Humanidade, e das nefastas consequências do esgotado modelo do crescimento contínuo e do consumismo moderno. Crêem estar em vias de exaustão o privilégio histórico das energias fósseis baratas, que permitiu às gerações do último século um desenvolvimento e um conforto nunca experimentados. Acreditam que é seu dever deixar às gerações futuras um mundo habitável. E crêem ser fundamental reconstruir alguma da auto-sustentabilidade alimentar e energética das pequenas comunidades rurais.
Os signatários crêem ser necessário desenvolver activamente um novo modo de vida, um modelo de transição para uma era pós-carbono. Tal desiderato deve ser perseguido no respeito pelas pessoas, com as suas crenças religiosas, as suas opções políticas e os seus direitos próprios. Mas abrir caminhos novos implica contrariar as actuais tendências e mudar as mentalidades.
Como primeiro passo para atingir os objectivos propostos, os signatários assumem conjuntamente o compromisso de constituir, em S. Pedro do Rio Seco, uma Associação de pessoas que comunguem dos mesmos ideais, e alimentem os mesmos propósitos constantes desta Declaração."


Luís Queirós
Amândio Caldeira
Manuel Alcino Fernandes
António Ramos André
Paula Queirós
Jorge Carvalheira