domingo, 1 de novembro de 2009

Totnes - 1

[texto adaptado de Philippe Jost]

As cidades de transição inventam o futuro!

É necessário habituarmo-nos à ideia de que não vai ser possível continuar a viver como até aqui. Os habitantes de algumas cidades compreenderam isso, e preconizam soluções ecológicas e práticas para viver de outro modo.

Num futuro não muito distante, em que tudo o que não é produzido localmente corre o risco de se tornar demasiado caro devido à escassez do petróleo e ao aumento vertiginoso dos custos de transporte, todos seremos forçados a modificar a nossa maneira de viver.
Mais que uma ameaça, isto é sobretudo uma sorte, dizem os actores das cidades de transição. Totnes, uma localidade de 8.500 habitantes no Devon, Inglaterra, foi a primeira a lançar-se na aventura.


Totnes é uma localidade ideal, na margem dum rio do Devon, o condado mais verde de Inglaterra. "O campo na cidade", diz a publicidade dos agentes imobiliários. Três horas de comboio, a sudoeste de Londres, e a impressão, à chegada, de desembarcar num sonho ecológico. Baptizada de capital do new age chic pela revista americana TIME, circula-se nela sobretudo de bicicleta, os painéis solares brilham sobre as casas de arquitectura medieval, reciclam-se os lixos numa instalação de compostagem comunitária, e a moda local manda que se plantem tomates e batatas, em vez do habitual relvado.
Totnes é o sonho dum ecologista citadino. Construída sobre uma colina, tem ruelas que sobem até às ruínas dum castelo normando, local de encontro apreciado pelos turistas, embora alguns considerem esgotante a subida. No Verão, dois triciclos de transporte importados da Índia, modificados para consumirem óleo de fritar recolhido nas lojas de "fish and chips", transportam gratuitamente os visitantes até ao alto do castelo, deixando que a inclinação da Fore Street, a rua principal, os leve a visitar a pé um talho antigo, um padeiro tradicional, uma loja de velas perfumadas, sem esquecer uma loja que parece ter guardado todos os discos de vinil desde os Beatles até aos Grateful Dead.
Não há aqui MacDonnalds, nem centros comerciais, nem grandes superfícies. Aqui crê-se que Small is beautiful, e que "pensar globalmente e agir localmente" é não só um dever mas também uma fonte de bem-estar.
(...)
JC

1 comentário: