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Retomar os saberes perdidos
Para além da libra de Totnes, os habitantes deram início a uma grande requalificação, retomando os saberes perdidos como quem regressa às origens. Entre eles a capacidade de reutilizar o que deitavam fora, de fazer ou reparar tudo por si próprio, de restaurar em vez de destruir, e também de costurar, de praticar o artesanato ou a jardinagem.
O grupo da "Alimentação" negociou com a municipalidade a criação de platibandas e terraços plantados de avelaneiras, amendoeiras e nogueiras, em vez dos espaços decorativos da cidade. Constatando-se que, nas frontarias ou nas traseiras das casas, muitos dos habitantes de Totnes possuíam jardins privados não utilizados, foi lançado um programa de partilha, a fim de que estes espaços fossem cultivados, segundo os princípios da agricultura biológica ou da permacultura.
A iniciativa de Totnes ultrapassa assim os limites da esfera privada, e desenha talvez a divisa dum mundo novo: liberdade, fraternidade, frugalidade.
A ideia alastra ao mundo inteiro
Certamente que há alguma coisa de utópico no programa das cidades de transição, tal como no final do Cândido de Voltaire, em que uma comunidade se junta numa quinta, em redor de objectivos modestos mas realizáveis. Não obstante o movimento alastra como mancha de óleo. Na peugada de Totnes, 130 cidades iniciaram um projecto de transição, principalmente na Inglaterra, na Irlanda, nos Estados Unidos e no Canadá. Mais de 700 localidades estão na primeira etapa do processo na Austrália, na Nova Zelândia, no Japão, na Bélgica e na França. Ligadas entre si pela Internet, vão trocando ideias e experiências.
A natureza contagiosa do fenómeno surpreendeu toda a gente. A ideia desenvolveu-se apenas pelo boca-a-boca e pela rede. Isso demonstra que as pessoas estão abertas a soluções positivas, que apelem à sua participação e às suas competências.
Serão positivas as sombras da recessão?! Poderão elas constituir um choque salutar, para conduzir ao fim dum sistema que já deixou de funcionar?! Se assim for, abençoada crise!
POR UMA ECONOMIA LOCAL, AUTÓNOMA EM ENERGIA E EM RECURSOS!
O movimento de transição contesta a ideia de que apenas os estados (e menos ainda o sistema capitalista ávido de lucros imediatos) podem trazer soluções viáveis às eventualidades desta economia fragilizada. Em consequência disso, as comunidades locais devem iniciar desde já uma mutação para uma economia re-localizada e auto-suficiente em energia e em recursos.
Perante futuras perturbações, uma comunidade resiliente estará claramente mais apta a resistir, do que as comunidades actuais, totalmente dependentes dos sistemas globalizados para os problemas da alimentação, da energia, dos transportes, da saúde e do alojamento. E sobretudo será mais agradável para viver.
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