quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Escola Viva


A Escola Viva nasce da oportunidade de fazer renascer a escola em S. Pedro do Rio Seco. A escola primária está fechada porque o número de crianças existentes na freguesia não é suficiente para manter uma escola aberta. Mas a escola pode, e deve, continuar aberta, viva, com actividades para as pessoas que vivem em S. Pedro do Rio Seco e arredores. E muitas são as ideias do que se poderá fazer na escola.Por isso, apresento um projecto que tem como objectivo desenvolver na escola um espaço de convívio, de aprendizagem e de lazer para os residentes da freguesia e para quem queira participar/usufruir dela.
A escola
A escola é um espaço muito agradável e acolhedor. Tem um jardim, um parque infantil, 2 casas de banho, uma sala de aulas onde podemos encontrar mais de 20 mesas e cadeiras, um quadro negro, aquecimento (salamandra e aquecedor eléctrico) e armários.
Este espaço pode ser utilizado de imediato, no entanto seria bom fazer, além de uma boa limpeza, alguns arranjos, principalmente nas casas de banho que estão um pouco degradadas e também no hall que lhes dá acesso. Uma ideia pode ser a de colocar uma porta de vidro a fechar esse hall junto às casas de banho, por forma a proteger do frio e do vento e a não tirar a luz natural que tem.
Temos que ter em atenção o quadro eléctrico. Será que tem potência para ligar as luzes, um aquecedor e vários computadores? Temos que rever a salamandra e o processo de aquecimento (vi que está a entrar água perto da salamandra).  O Hall de entrada da escola também deveria ser aquecido para desenvolvermos actividades nesse local, poderia ser mais uma sala de trabalhos, para já ou para mais tarde.É necessário, mais tarde arranjar armários para guardar materiais utilizados nas diversas actividades. Há ainda que tratar do jardim, quem sabe uma actividade a desenvolver na escola.

O que fazer na Escola Viva?
O Objectivo da Escola Viva é ser um espaço de convívio, de aprendizagem e de lazer para os residentes da freguesia e para quem queira participar/usufruir dela.É um espaço que pode estar ocupado com actividades o nº de horas por dia que se pretenda. Para já, o objectivo é que a escola esteja aberta todos os dias da parte da tarde, e em cada dia da semana deverá haver uma actividade diferente.

Actividades regulares a desenvolver:
- Artes - barro e/ou pintura ou outras...
- Informática
- Ginástica
- Grupo musical - Canto (coro), instrumentos musicais, dança, teatro...
- Trabalhos manuais – crochet, tricot, bordados, tear, costura, etc...
- Guitarra
- Jardinagem/horticultura
Estas actividades, uma ou duas por dia (no caso de uma ser desenvolvida dentro da sala e outra no exterior), deverão decorrer entre as 14 horas e as 17 horas.
Poderão participar delas homens, mulheres, jovens e crianças, que tenham interesse e disponibilidade. Haverá um professor /animador para cada actividade.
Para que tudo isto funcione na mesma sala, esta tem que ser polivalente, ou seja, a disposição dos móveis terá que ser adaptada a cada actividade: um dia é necessário que saiam todas as mesas e cadeiras do centro da sala (para fazer ginástica); noutros dias é preciso juntar todas as mesas no centro da sala, (para as artes e trabalhos manuais); noutro dia é preciso haver apenas cadeiras no centro da sala (guitarra), etc ...
Haverá ainda espaço para desenvolver workshops nos mais diversos temas que tenham interesse para a população local ou a outras pessoas:
- Apicultura
- Poda das árvores
- Como fazer sabão através de óleos usados
- Sessões de cinema/leitura de jornais/revistas ou livros com debate sobre os mesmos no final.
- etc...
Com o tempo poderá fazer-se um levantamento de temas que as pessoas gostariam que fossem desenvolvidos em Workshops.


- Artes - barro e/ou pintura
 ..."Gosto muito de pintar. Quando me concentro e começo a pintar, parece que entro num mundo diferente. As imagens vão surgindo na minha mente e eu vou pintando. A pintura tem que vir de dentro, do interior de cada um”...
A prática artística tem-se mostrado relevante para proporcionar maior riqueza interior,vitalidade e qualidade de vida. A experiência em arte é capaz de engrandecer toda e qualquer prática da vida humana.
No trabalho criador o indivíduo utiliza e aperfeiçoa processos que desenvolvem a observação, a percepção, a imaginação, o raciocínio e o controle da motricidade ampla e fina.
No processo de aprendizagem e criatividade o ser humano deve procurar conhecer as suas emoções, libertar-se das tensões, ajustar-se, organizar o pensamento, sentimentos, sensações e formar até mesmo hábitos de trabalho, enfim educar-se e incluir-se no meio social
A inclusão da arte na nossa escola, tem também como objectivo contribuir de forma significativa no processo de criação pessoal dos envolvidos e no papel que cada um desempenha na cultura e na sociedade actual.
Trabalhar com barro ou pintar, é fácil e muito criativo, podemos fazer trabalhos dos mais fáceis aos mais elaborados.

Para desenvolver estas actividades é necessário :
- 1 professor
-. Barro:
- Barro
- Alguidares
- Espátulas
- Rolo da massa
- Tintas
- Pincéis
- 1 forno para cozer o barro ??
- etc...

Pintura:
- Papel
- Telas
- Lápis
- Borrachas
- Tintas
- Pincéis, Etc...


- Informática
...“Comecei por mexer no computador, coisa que eu não sabia. Depois a Internet, um curso que me deu muito interesse, sei que é bom para pudermos falar com familiares fora do país e não só e depois vieram o Word, o excell e o Power Point. Gostei de tudo, mas o que gostei mais foi do Word. Aprendi a escrever textos para transmitir aos outros o que sei e o que gostaria de lhes dizer...”
A utilização da informática, nos dias de hoje, é uma forma de manter a actividade física, intelectual e social. É uma forma de comunicação com os que estão fora e também com os que estão próximos e é a possibilidade de estar a par de tudo o que acontece no mundo à distância de 1 clic: ler as notícias do dia, pesquisar sobre um acontecimento, sobre um assunto de interesse para os participantes desta actividade, etc...
Para desenvolver estas actividades é necessário :
- 1 professor
- Computadores
- Écrans
- Ratos
- Teclados
- Webcam
- Microfones
- Internet fixa banda larga (linha telefónica)
- Wireless
- 1 impressora sem fios
É necessário ainda que a rede eléctrica tenha capacidade e que haja fichas eléctricas suficientes.

- Ginástica
A ginástica pode ser a solução na prevenção de doenças e na melhoria da qualidade de vida. Cada vez mais vemos pessoas com vontade de vencer as barreiras impostas pelo avanço da idade.
Mas, para as pessoas com alguma idade, os benefícios duplicam, pois o simples facto de poderem praticar algum tipo de actividade física já melhora e muito a sua qualidade de vida, aumentando a resistência e força muscular que são necessárias para tarefas comuns do dia-a-dia. De uma forma geral, as actividades físicas podem trazer respostas rápidas e eficientes, a doenças como a obesidade, a osteoporose, ligamentos e tendões fracos, diminuição dos reflexos de acção e reacção, diminuição da coordenação motora.
O exercício físico, além de combater a obesidade, o que evita e retarda o surgimento de diabetes, melhora também a capacidade aeróbica (respiração) sendo possível reduzir a perda de massa óssea e em alguns casos recuperá-la. Além de fortalecer os músculos e os ossos, a actividade física ajuda a diminuir os riscos de quedas e de fracturas de fémur e quadril, tão temidas após os 60 anos.
Os exercícios físicos também ajudam a levantar a auto-estima das pessoas, pois elas sentem-se mais bonitas, capazes e independentes, produzindo a agradável sensação de bem-estar, estimulando a resolução de pequenos desafios e consequentemente diminuindo a depressão.
Para desenvolver estas actividades é necessário:
- 1 professor
- Colchões
- Arcos
- Bolas, etc...

- Grupo musical - Canto (coro), dança e instrumentos musicais
Sensibilizar, despertando a musicalidade que há em cada indivíduo é o interesse maior desta actividade ser desenvolvida em grupo e com jovens e adultos. O trabalho em grupo busca equilibrar os interesses pessoais de cada um com a vivência em grupo, surgindo, momentos de expressão artística, improvisação musical e de relações sociais.
Portanto, pode-se dizer que o que ocorre é um trabalho de EXPRESSÃO E VIVÊNCIA MUSICAL individual e em conjunto. A importância de se fazer música em grupo é a troca, tanto de questões práticas e musicais, como de questões como o respeito, doação, integração...unidade.
Aprender a tocar um instrumento por mais simples de tocar que seja, cantar canções conhecidas e aprender novas canções, dançar músicas populares, ou ir mais além desenvolvendo uma peça musical, são algumas das linhas de desenvolvimento desta actividade.

Para desenvolver estas actividades é necessário:
-1 professor
- Instrumentos musicais

- Guitarra
A guitarra é mais uma actividade ligada à música que pode ou não ser dada em separado, dependendo da existência de alunos jovens ou menos jovens que queiram aprender.

- Trabalhos manuais – crochet, tricot, bordados, tear, costura, etc...
“Alegrar as tardes e reforçar os laços de união” - Este é o objectivo desta actividade a desenvolver na escola Viva.Fazer crochet, tricot, bordados, costura, ou outra arte manual sozinha em casa ou fazer fora de casa, em grupo, faz a diferença.
Um encontro de pessoas à volta de uma mesa, onde cada uma desenvolve a sua arte, sozinha ou em grupo, ou até num trabalho único com um objectivo comum, onde conversam, ouvem música, lêem um conto, conversam sobre um tema actual do interesse dos presentes, ... desenvolvem a sua criatividade, as relações socias, fazendo o que mais gostam.
No final apresentam os seus trabalhos à comunidade mais alargada, fazem uma exposição, uma venda, quem sabe?
Para desenvolver estas actividades é necessário :
-1 animador
- Materiais para trabalhar (podem levar de casa ou arranjar-se na escola para todas)
- Uma máquina de costura?

- Jardinagem/horticultura
A jardinagem/horticultura traz muitos benefícios à saúde. Reduz o stresse e é terapêutico.
A jardinagem/horticultura praticada de forma habitual é bastante recomendada e utilizada na reabilitação de pacientes com problemas de socialização, deficiências físicas, hipertensos e até mesmo pessoas com problemas mentais.
Diversos estudos científicos comprovam os efeitos benéficos da jardinagem/horticultura sobre a saúde. Reduz a pressão arterial e stresse, ajuda a regular o funcionamento do coração, relaxa os músculos, revitaliza a energia e acima de tudo oferece uma nova perspectiva sobre as coisas e a vida.
O ato de cuidar do jardim ou da horta por si só traz muitos benefícios físicos ao corpo. Andar, abaixar, levantar, cavar, enterrar, dentre outras inúmeras acções, queima muitas calorias. A jardinagem aumenta a flexibilidade a reforça as articulações do corpo.
Ensinar e aprender como cuidar de um jardim ou de uma horta, ou simplesmente fazê-lo porque se gosta. Desenvolver uma tarefa em conjunto, ter o prazer de manter o jardim ou a horta da escola arranjados e bonitos com a ajuda de muitos, trazer as crianças e jovens a colaborar, são alguns dos objectivos da jardinagem na Escola Viva
Para desenvolver estas actividades é necessário :
-1 professor
- materiais para trabalhar

Conclusão
Por fim e porque é comum a todas as actividades, é preciso boa vontade, animação, alegria, boa disposição e muita criatividade.É necessário haver temas para desenvolver, temas que façam com que as pessoas se envolvam, em conjunto, por boas causas. Que não haja tempos mortos, silêncios. Que haja música, animação e boa disposição.Que se arranje um rádio e um leitor de dvs para se ouvir música e um écran para se verem uns filmes e ainda livros e jornais/revistas para se fazerem sessões de leitura e debates de temas actuais e importantes para o mundo de hoje.

VIVA a Escola VIVA !!!!!!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prémio Ribacôa 2010-2011 - distingue projecto de permacultura para S. Pedro de Rio Seco

Fvp dinamiza um dos concelhos mais pobres do País
O Prémio Ribacôa 2010/2011 distinguiu o projecto “Um Novo Rumo para S. Pedro do Rio Seco”, de Caetana Serôdio, licenciada em História da Arte, José Lambuça, licenciado em Biologia ambiental Terrestre e Tiago Silva, licenciado em Biologia e com mestrado em Ecologia e gestão ambiental, baseado nos princípios da permacultura e que pretende colocar S. Pedro do Rio Seco como referência regional de produtos alimentares (hortícolas e frutícolas) de qualidade, produzidos e distribuídos localmente, numa óptica de sustentabilidade e respeito pela natureza.

Caetana Serôdio
A atribuição do prémio, no valor monetário de 11 mil Euros, destinado à concretização e atribuído ao longo do seu desenvolvimento e implementação, foi deliberada no dia 22 de Novembro, numa cerimónia em que estiveram presentes Luis Queirós, presidente do júri do Prémio e da Fundação Vox Populi (Fvp), José Alberto Morgado, em representação da Câmara de Almeida, Manuel Alcino Fernandes, em representação da Associação Rio Vivo, Maria José Diniz da Fonseca, em representação da ASTA e Telmo Cunha, em representação da Associação dos Amigos de Almeida.

José Lambuça
O projecto alia práticas agrícolas tradicionais com ideias inovadoras, proporcionando o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor, e prevê a plantação de uma horta orgânica, um pomar/bosque alimentar, um viveiro de plantas autóctones e uma estufa. Com os produtos produzidos pretende-se a médio/longo prazo suplantar as necessidades básicas alimentares de hortícolas e frutícolas da população da aldeia e, eventualmente, de comunidades vizinhas.

Tiago Silva
O trabalho tem o seu início já em Dezembro, com o reconhecimento da aldeia e zona envolvente, seguindo-se a análise da meteorologia agrícola regional e inventário vegetal das espécies adaptadas ao clima, a construção da estufa, o tratamento e preparação do solo, as plantações das diversas espécies adequadas a cada mês e respectiva manutenção, e, finalmente, a colheita de Verão e a plantação de inverno.

Luís Queirós, Presidente da Fundação Vox Populi e membro do júri, enfatiza que é “urgente trazer os jovens para os concelhos mais pobres, despovoados e envelhecidos. Este Prémio foi pensado para os estimular e impulsionar a criarem projectos que os façam conhecer, respeitar e valorizar o desenvolvimento sustentável dessas localidades.”

Além do primeiro prémio, a Fvp dispõe-se ainda apoiar mais dois projectos que estiveram a concurso, com a quantia de cinco mil euros a cada, se a Associação dos Amigos de Almeida e a Câmara de Almeida apoiarem com semelhante verba. São eles a “Flora Autóctone Portuguesa - Produção em viveiro para utilização florestal e ornamental" e a “Estrutura Ecológica Municipal do Concelho de Almeida - Soluções inovadoras no domínio do planeamento e design de paisagens rurais e urbanas do município”.

Criado em 2009, o Prémio Prémio Ribacôa, sob o tema “A Caminho da Transição”, premeia candidaturas dedicados a incentivar a implementação de projectos de desenvolvimento sustentável no concelho de Almeida, um dos concelhos mais pobres do país.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Sede

Tudo começa por ter um lugar no mundo, onde vai ganhando corpo e substância. Assim é com a Rio Vivo.
Este lugar já foi um quartel da guarda, num tempo em que ir ao pão era afrontar as leis. Hoje é a sede da nossa Associação em S. Pedro do Rio Seco.
Cá fora tem um vasto logradouro, com duas tílias, uma oliveira, e um freixo com saudades da ribeira. E uma pereira que dá pêras com pito, e faz lembrar a horta que já houve.
Mas agora torna a haver.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Finale

Faltava ouvir o Presidente da Associação Rio Vivo, na palestra final sobre este nosso "tempo de mudança". Este era afinal o cerne da questão e o motivo central deste Congresso.
Era tempo de encerrar as actividades, com um momento de cultura, prazer e distensão. Fizeram-no a Julieta e o Jorge Ribeiro, com o encanto comovedor da sua música.

Sétimo andamento

Às 16 horas abriu a exposição de fotografias dos anos 50 e 60, com rostos e motivos de S. Pedro. Famílias, grupos e cenas da vida antiga, onde os sampedrenses puderam rever-se.
E seguiu-se o momento mais emotivo da jornada: a apresentação das Memórias dum homem bom de S. Pedro, que todos conheceram.
Depois de explicada a génese dos textos, em que uma neta ofereceu ao avô um caderninho em branco, para ele escrever as recordações da sua vida, foi feita a leitura duma página. 2. Fazer Pela Vida
Naquele tempo não havia dinheiro para comprar nada, nem peixe, carnes ou frutas, comia-se o que produziam os campos. Se o ano vinha bom havia que economizar, mas se o ano era mau alguns perdiam a vergonha e mendigavam, e outros até roubavam. Muitos que eu conheço lá se criaram deste modo, e agora suspeito que já não se lembram. Porque agora tudo é diferente.
A ementa diária era, quase sempre, um caldo feito de batatas, cebola e couve, acompanhado de pão centeio muito escuro. Recordo-me de comer este caldo numa tigela, feita de um barro espanhol muito avermelhado, a que nós chamávamos caçoilo.
Algumas vezes fritava-se um pouco de toucinho de porco a que chamávamos chicharros. Esmagávamos as batatas cozidas na banha derretida do toucinho, e isso já era considerado um grande petisco.
No Verão, com umas caixas em cima de um burro, vinha, de vez em quando, um comerciante vender sardinhas. A nossa mãe comprava duas sardinhas, as quais, a dividir por quatro, meia sardinha para cada um, era o que nos calhava nesse dia.
Um ovo estrelado comia-se raramente; na primavera, quando as galinhas punham mais, iam-se vender os ovos no mercado do dia 8, em Almeida, ou a Espanha.
Frutas havia no Verão com fartura: figos, abrunhos, maçãs e peras. Havia uns abrunhos selvagens a que chamávamos "cagoiços" por provocarem frequentes diarreias. Bananas, vi-as eu pela primeira vez, já adulto, em Lisboa, e laranjas eram uma raridade.
E não desprezávamos os frutos e as ervas silvestres: as bolotas de azinheira (que a ti Luzia trazia de Espanha à espera de receber, em troca, um punhado de batatas), assadas, eram bem boas. Comiam-se as azedas que cresciam nos prados e as meruges nos regatos. Havia as amoras das silveiras das quais guardo uma indelével recordação: foi uma vez que eu subi a um muro de pedras soltas para as colher, e, qual a minha surpresa, o muro caiu, e eu sobre ele. As pedras marcaram-me para sempre o rosto com uma cicatriz. Nunca mais me esqueci do local, foi na Caleja do Ribeiro, e às vezes ainda me revejo a repor as pedras, e reparo numa delas que era muito arredondada, e julgo que foi essa a que me marcou.

Sexto andamento


Foi quando o Falcão destapou a panela e uma dúzia de mulheres de S. Pedro reeditaram o milagre conhecido. Mataram a fome aos 160 congressistas com um rancho que deixou saudades.
Ainda aqui perpassou na multidão a mesma dúvida intranquila: falta o pão! Mas não faltou pão nem vinho.

domingo, 22 de agosto de 2010

O jogo do Ferro ou o Quinto Andamento

Este jogo tradicional era praticado, nas manhãs e tardes de domingos e feriados, em S. Pedro de Rio Seco e outras aldeias raianas, na primeira metade do século XX. Jogo ou desporto, talvez mais desporto do que jogo, exigia força e destreza e, por isso era praticado por homens de força e jeito, qualidades adquiridas ao longo de muitos anos de prática, desde os bancos da escola primária. Aos sete e oito anos começava a praticar-se usando como “ferro” uma das metades em que, por vezes, o ferro dos adultos se partia.

Caiu em desuso na década de sessenta, época em que ainda se praticava nas férias por alguns daqueles que mantinham vivo o “bichinho” do ferro, mais como demonstração do que com espírito competitivo.Para reavivar esses tempos e procurando prosseguir os objectivos que se propôs alcançar através do Clube “Rio Velho ou Tradições”, a Associação Rio Vivo levou a cabo um “torneio demonstração” do tradicional Jogo do Ferro.

Conforme o previsto no Programa do 1º. Congresso da Associação Rio Vivo, pelas 10h e 30m do dia 8 de Agosto, formalizaram-se as inscrições das quatro equipas que tinham manifestado intenção de participar. Já com o período de aquecimento a decorrer, o júri aceitou a inscrição de uma quinta equipa e sentiu-se na obrigação de anular a inscrição de uma das equipas, a fim de salvaguardar a integridade física de um dos seus elementos com 93 anos de idade. De saudar a juventude de espírito deste JOVEM de 93 anos.

Iniciou-se o jogo segundo o Regulamento anteriormente elaborado e exposto junto à “raia”. Cada jogador fez quatro lançamentos para cada um dos três trances (“da quietos”, “da salidos” e “da por cima”. O júri validou os “tiros” (nome dado a cada lançamento válido), valor registado em folha própria. Alguns lançamentos, como que a empurrar o ferro para mais longe, foram acompanhados com algumas expressões típicas dos antigos jogos. “Ah ferro dum raio!”, “ah ferro de um ca…”, “ah ferro de um cor…”, com grande empenhamento dos jogadores e grande entusiasmo dos assistentes.

Para a história e com votos de que este jogo seja abraçado pelos mais novos, aqui ficam as equipas, com a média de idades e com o total de metros conseguidos por cada uma.
1ª Equipa:
Amilcar Fernandes Limão e Amândio Lourenço Caldeira – 67,5 anos – 57,11 metros:
2º. Equipa:
Luís Rodrigues Gouveia e António André – 72, 5 anos – 61,74 metros,
3ª. Equipa:
Luís Teixeira Queirós e João Sá Leão - 50 anos – 41, 73

A quarta equipa, por falta de um dos elementos solicitado a dar apoio à organi-zação do Congresso, não participou como equipa. No entanto, o Adriano Lucas foi autorizado a fazer uma demonstração individual.

Analisados os resultados, foram aclamados os vencedores. A equipa nº 2 ganhou o 1º. Prémio por equipas, 300 euros, e o prémio especial seniores, uma grade de cervejas.
Apesar de não haver registo dos resultados conseguidos pelo Adriano Lucas e depois de consultado o júri que acompanhou e validou os seus lançamentos, foi decidido atribuir-lhe o 1º prémio individual.

A cerimónia de entrega dos prémios teve lugar na sessão de encerramento do Congresso. É importante salientar a generosidade de todos os premiados que decidiram, de livre vontade, fazer reverter os seus prémios em favor da Associação Rio Vivo.
E com um agradecimento a todos, jogadores e assistentes, despeço-me até ao próximo “JOGO DO FERRO”.
A.A.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quarto andamento

No segundo dia, às oito da manhã, partiram os praticantes da caminhada bravia. O Tó Pigas comandou. E nem a tia Alice resistiu, ali de bastão em punho, a fazer inveja aos sedentários.
Às nove largaram os desportistas, um grupo de vinte aficionados das carreteiras do monte. Foram visitar Castela, pelas rotas do contrabando.
Às dez foi a vez dos mais pacatos. Passearam pela folha, esqueceram a cidade, viram curiosidades, fizeram pazes com o campo.

Terceiro andamento

O dia acabou com uma boa sardinhada, maior mesmo só o assador. Os animadores musicais, três concertinas e cordas, ainda estavam a tomar balanço. Porque ovelha que berra, é bocada que perde!

Segundo andamento

Nas palestras, que ocuparam todo o dia, foram abordados temas considerados pertinentes. Houve prática e houve teoria, houve problemas gerais e houve assuntos locais: a fauna e a flora de Riba-Côa, história e património de S. Pedro, o que é a "transição", a questão alimentar e a ligação à terra, tradições locais das fainas do campo, a solidariedade na 3ª idade em zonas envelhecidas, a experiência do prémio Riba-Côa 2009, e, finalmente, tempos de mudança.

Primeiro andamento


Às 09H30 do primeiro dia, as bancas estavam prontas para a recepção dos congressistas. A da Associação distribuía literatura, inscrevia associados, mercadejava adereços, cobrava quotas relapsas, vendia livros diversos.
Lá dentro, a do Congresso fazia a lista dos participantes, distribuía programas, vendia senhas de almoço.
Depois foi só esperar.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O fim de um certo mundo rural

(cross post: transição)

Nos passados dias 7 e 8 deste cálido mês de Agosto, teve lugar em S. Pedro do Rio Seco o primeiro Congresso da Associação Rio Vivo. E, para os que não conhecem esta aldeia e esta Associação, convém dar alguns esclarecimentos.

S Pedro, à semelhança de muitas outras, é uma pequena aldeia do concelho de Almeida, situada na região de Riba-Côa, que é um território que se situa entre o Rio Côa e a fronteira espanhola. Linha da fronteira que, desde o Douro até S. Pedro, é definida pelo rio Águeda e pela ribeira de Tourões, e a partir de S. Pedro, para sul, numa larga extensão que inclui os concelhos de Sabugal e Penamacor, pela chamada raia seca.

Esta região de Riba-Côa é uma planalto, continuação natural da Meseta Ibérica que lhe fica a leste. É limitada do lado ocidental pelos penhascos do vale do Côa e a sul pela serra de Malcata, no maciço da cordilheira central ibérica. A norte, destaca-se a silhueta da Marofa, já nos contrafortes do vale do Douro.

São fracos os recursos destas terras: o solo é pobre, a água não é abundante, e o clima, muito frio no inverno e muito quente no verão, é extremamente agreste. Como nota dominante da paisagem, abundam os afloramentos graníticos (os barrocos como aqui lhe chamam), as giestas, as moitas de carvalhos e as carrasqueiras. E, sempre presente, o pinheiro bravo.

Nos primórdios da nacionalidade, esta região fronteiriça, disputada entre Castela e Portugal, era uma zona de castelos defensivos: Castelo Mendo, Castelo Bom, Almeida, Castelo Rodrigo, Vilar Maior e Alfaiates; terá sido mais intensamente povoada a partir de 1296, ano em que foi definitivamente integrada no território português, após o tratado de Alcanizes.

Tradicionalmente, as gentes desta região dedicavam-se sobretudo à agricultura e à pastorícia: colhia-se batata, trigo, centeio e algum vinho. Produzia-se queijo de ovelha, cada família criava o seu porco e as suas galinhas, e a aldeia era auto-suficiente em frutos e hortícolas. Havia uma dinâmica actividade complementar de serviços: o merceeiro, o taberneiro, o sapateiro, o alfaiate, o pedreiro, o ferreiro, o carpinteiro, o barbeiro...

A casa agrícola típica de S. Pedro desenvolvia-se à volta do curral com a residência e o seu cabanal, as cortes, os cortelhos, os palheiros, a adega e a “tenade” onde se guardava a lenha. O lavrador desenvolvia a sua actividade apoiado na junta de vacas, de machos ou de burros, conforme a dimensão da sua lavoura. O carro de bois, que era diferente do minhoto, estacionava no curral. Os terrenos da exploração agrícola (as sortes, as tapadas, os hortos, as vinhas, os lameiros) eram de pequena dimensão, e estavam dispersos pela folha, muitas vezes afastados uns dos outros .

Não havia conforto nas habitações: entrava-se no meio-da-casa e de um lado estava a cozinha (em certos casos de telha vã e sem chupão de fumo) com o basal e a cantareira, e com uma pequena dispensa onde estava a tulha e a salgadeira; do outro lado do meio-da- casa, uma pequena sala com dois quartos (as alcovas) onde apenas cabia a cama. Não havia casa de banho, apenas um lavatório na sala com o seu jarro e um espelho na parede. Nalguns casos , sobre a sala e as alcovas, havia o sobrado onde se guardavam as colheitas para o uso da casa.

Desde há meio século tudo isto mudou, e um modo de vida que se aperfeiçoou durante seis séculos desapareceu completamente. A casa agrícola deu lugar a uma casa moderna com o conforto das casas das cidades, muitas vezes servindo apenas como segunda habitação. O automóvel tomou conta das ruas, os animais de trabalho desapareceram, o asfalto substituiu a terra batida, apareceu a electricidade e o saneamento. A autarquia, entretanto, construiu um moderno pavilhão multiusos, rasgou estradas, embelezou largos com jardins.

Como resultado da fuga para as cidades, a população permanente que era de cerca de 700 pessoas reduziu-se a pouco mais de 150 habitantes, a maior parte com mais de 65 anos. A escola fechou por falta de alunos. Resta um pequena actividade agrícola, quase um passatempo dos reformados, centrada nas hortas de proximidade. Cuidar dos velhos no Centro Social é, agora, a principal actividade dos poucos que trabalham na aldeia. A folha está praticamente abandonada, sendo a excepção a existência de pequenas manchas dispersas de exploração florestal (de cupressus ou azinheiras), e algumas explorações pecuárias (de vacas e ovelhas), tudo a viver com apoios comunitários.

No mês de Agosto a aldeia ganha a vitalidade de uma estância turística. Emigrantes enchem a terra, cria-se uma ilusão de vida. E alguns vêem nisto um sinal de progresso, e acreditam que se está a prosseguir o caminho certo.

Mas esta aldeia está ferida de morte e não tem futuro: os residentes desaparecem, e outros não vêm para os substituir; os filhos dos emigrantes não virão ocupar as casas que os pais construíram. Os dinheiros do estado social vão escassear, os fundos comunitários também. É este o paradoxo do nosso tempo: as cidades não são a solução para o futuro, e as pequenas comunidades rurais perderam a sua sustentabilidade.

Nascida da vontade de uns quantos, a Associação Rio Vivo foi criada para perceber como foi possível chegar a este ponto e para intervir, da forma possível, para inverter esta tendência depressiva. No fundo, para ajudar a cuidar dos velhos e estudar a forma de reanimar a aldeia. Para impedir que ela morra...

Chegaremos a tempo de a salvar?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Comunicado


A Direcção da Associação Rio Vivo congratula-se com o grande sucesso que foi a realização do seu 1º Congresso.
A exposição e debate dos conteúdos programáticos apresentados nas oito palestras realizadas permitiu cumprir o primeiro de todos os objectivos do evento: apresentar a Associação a todos os sampedrenses, residentes ou não; mostrar-lhes os valores, princípios e finalidades que a motivam; enraizá-la no seu espírito, e instalá-la no seu coração como coisa sua.
A capacidade verificada em todos os aspectos organizativos, desde a planificação à execução prática, permitiu levar a cabo inúmeras acções que decorreram sem percalços nem sobressaltos.
A eficácia de toda a logística do Congresso, desde a preparação das estruturas básicas, ao trabalho de recepção e atendimento, até à panela de cozinha que elaborou e forneceu aos 160 congressistas três refeições principais, tudo saiu das mãos da Rio Vivo.
Claro que tudo isto só se tornou possível pelo empenhamento irrestrito de todos os intervenientes, na execução das tarefas de que aceitaram incumbir-se.
Não é sem emoção e uma ponta de orgulho que a Direcção constata estes factos. E manifesta a todos os envolvidos o seu profundo agradecimento.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Um mundo feito à mão

Vulcano era o ferreiro dos infernos e marido de Vénus. E forjou o escudo mítico de Aquiles, o invencível de Tróia que um calcanhar traiu.
A estes dois Vulcanos de S. Pedro cabe apenas aguçar os ferros do próximo torneio.
[Os dois deuses são do horário de verão; ao horário de inverno correspondem Hefesto e Afrodite]

terça-feira, 27 de julho de 2010

Jovens de S. Pedro visitam Fluviário


Como estava previsto, deslocámo-nos no dia 25 de Julho ao Fluviário de Mora. Saímos da nossa aldeia às 7:30 da manhã, no autocarro da Câmara Municipal de Almeida, tendo chegado ao Parque Ecológico do Gameiro por volta das 11:30, onde decorreu o almoço num local bastante aprazível. A seguir ao almoço iniciámos a visita ao Fluviário, assistindo à projecção de um pequeno filme acerca deste extraordinário equipamento. Em seguida, pudemos acompanhar a reconstituição dum percurso de um rio, desde a nascente até a foz e, por último, em diversos habitats exóticos, apreciámos um conjunto de animais muito interessantes, que despertaram a curiosidade de todos nós.
A Associação Rio Vivo proporcionou-nos, assim, um belíssimo passeio a um local desconhecido para a maioria de nós, sendo visível a satisfação de todos os elementos do Grupo no fim desta oportuna e pedagógica visita.





sexta-feira, 23 de julho de 2010

Inscrições limitadas


À atenção dos participantes no 1º Congresso da RIO VIVO, a 7/8 de Agosto!
O número máximo de almoços que podem ser disponibilizados, mediante inscrição prévia, NO DIA 8, DOMINGO, é de 60.
Para além desse número, aos interessados não inscritos só podemos oferecer uma reserva em restaurante da região. Desde que atempadamente seja pedida!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Às armas!

A primeira obrigação, a tarefa mais urgente de todos os sócios da RIO VIVO, caso possam estar presentes, é procederem à sua inscrição no 1º Congresso.
Podem fazê-lo por telefone (961 281 773/outro de que disponham) ou através do mail a.rio.vivo@gmail.com.
Não falo, obviamente, daqueles associados que já assumiram funções a desempenhar, porque esse facto os inscreve. É aos restantes que a coisa diz respeito.
Entenderão que toda a logística depende do número de presenças. É importante sabê-lo tão cedo quanto possível.
Dois sócios dois, já o fizeram, honra seja feita ao bom exemplo!
Quanto ao resto, entre amigos e fãs e curiosos, já se inscreveram catorze!
É o carro a andar à frente dos bois, imagem curiosa mas pouco edificante!

segunda-feira, 12 de julho de 2010


No próximo dia 25 de Julho, a Associação Rio Vivo vai promover uma visita ao Fluviário de Mora.
Esta iniciativa tem como objectivo dar a conhecer aos jovens de S. Pedro do Rio Seco “um equipamento único em Portugal, de natureza científica, cultural e de lazer, que recria um universo aquático e consolida uma vertente educativa e ambiental.”
A Rio Vivo agradece à Câmara Municipal de Almeida que, gentilmente, cede o autocarro do Município para levar a efeito este aliciante passeio lúdico-cultural.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

1º Congresso - Notícia e Programa

Nos dias 7 e 8 de Agosto próximos, a Associação Rio Vivo leva efeito o seu 1º Congresso no Pavilhão Multiusos de S. Pedro do Rio Seco.
A RIO VIVO foi constituída em Agosto de 2009, altura em que foi assinada a Carta de Princípios que ficou conhecida por “Declaração de S. Pedro”. Nesse documento estão expressos os princípios que norteiam a Associação, e estão definidos os objectivos que se propõe atingir. O tema do congresso é “À descoberta das nascentes”, e ao escolhê-lo assumimos que é na nascente que o rio se forma, e que é das raízes que vem a seiva que dá a vida.
Nos tempos que correm, marcados pela euforia do consumismo, da facilidade aparente e do excesso, e pela desvalorização do trabalho, a Associação Rio Vivo pretende ser o espaço de reflexão e de busca de novas formas de desenvolvimento e prosperidade, pessoal e colectiva. Inspirados nas tradições e no exemplo dos que nos precederam, queremos deixar aos nossos filhos um mundo onde seja possível viver, com respeito pela Natureza, pela solidariedade humana e pela utilização racional dos recursos disponíveis.
Neste 1º Congresso, e durante dois dias, vamos apresentar e debater temas que têm a ver com a nossa aldeia, mas também com o tempo conturbado que vivemos, e com o tempo, porventura ainda mais conturbado, que nos espera no futuro. Haverá também espaço para o jogo e o passatempo, recuperando antigas tradições locais como o Jogo do Ferro, e estimulando a vivência ao ar livre, com um passeio ao campo e um percurso de BTT.
E é claro que a festa não poderia faltar: haverá sardinhada, animação, convívio e boa disposição!


1º CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO RIO VIVO
Tema: “À descoberta das nascentes”
Data: 7 e 8 de Agosto de 2010
Local: Pavilhão Multiusos de S. Pedro do Rio Seco


PROGRAMA

Primeiro dia: Sábado, dia 7 de Agosto

10.00: Recepção dos congressistas
10.30: Sessão de abertura
11.00: Agricultura intensiva e penúria alimentar: Jorge Carvalheira
11.30: Pausa para café
11.45: A fauna e a flora da zona raiana: Amândio Caldeira
12.15: A solidariedade na terceira idade em zonas envelhecidas: Manuel Alcino Fernandes
12.45: Debate e encerramento

Almoço. “Buffet” a cargo da Associação

15.00: A história de S. Pedro do Rio Seco: José da Fonseca Ramos
15.30: Algumas tradições das fainas do campo: António André
16.00: Pausa para café
16.30: O que é a “transição”: Maria José Dinis da Fonseca, Presidente da ASTA
17.00: A experiência do Prémio Riba-Côa 2009: Filipe Vilhena
17.30: Debate e encerramento
20.00: Sardinhada e festa popular com concertina/acordeão.

Segundo dia: Domingo, dia 8 de Agosto

09:30: Passeio ao campo com visita às sepulturas na rocha
09.30: Início do percurso de BTT: Rota dos passadores
10.30:Torneio do Jogo do Ferro, com prémios aliciantes

13.00: Almoço sujeito a inscrição prévia (10,00 €)

15.00: Exposição de Fotografia: S. Pedro do Rio Seco de outros tempos
17.00: Recepção e boas-vindas a entidades
17.30: Palestra de encerramento: Tempos de Mudança: Luís Queirós, presidente da Associação
18.00: Actuação do Coro de Almeida

Contactos e inscrições
Inscrições a enviar para: a.rio.vio@gmail.com
Ou para Associação Rio Vivo – Casa do Quartel
6355-160 S. Pedro do Rio Seco
Pf. Indicar:
• Nome
• E-mail
• Telefone
• Inscrição para almoço do dia 8, se desejado

Preço das inscrições no congresso:
• Naturais de S. Pedro e familiares: grátis
• Associados Rio Vivo: grátis
• Assinantes do “Alto da Raia”: grátis
• Fãs do “Rio Vivo” no FaceBook: grátis
• Restantes congressistas: 5 Euros, a pagar no local

Prémio Riba-Côa 2009

segunda-feira, 28 de junho de 2010

1º Congresso

A 7 e 8 de Agosto, terá lugar em S. Pedro do Rio Seco o 1º Congresso da Rio Vivo.
Em antecipação ao programa detalhado, a divulgar oportunamente, do congresso farão parte:
- oito palestras sobre temas como "comunidades de transição", história local, tradições populares locais, fauna e flora local, a solidariedade social em comunidades envelhecidas, a agricultura moderna intensiva e a questão alimentar, o primeiro prémio Riba-Côa, o mundo em mudança;
- percurso BTT na manhã do dia 8;
- passeio pedestre simultâneo;
- torneio do jogo do ferro, com prémios para jovens, adultos e seniores;
- exposição de fotografia antiga;
- sardinhada com animação musical no sábado à noite;
- sessão de encerramento pelas 17 horas de domingo, com breve actuação do Coro de Almeida.
- almoço no dia 8, domingo, mediante inscrição e custo de 10 Euros. ( O almoço do dia 7, sábado, é volante e gracioso).
Por forma a facilitar toda a preparação logística, o primeiro e mais urgente gesto dos sócios, dos amigos e demais interessados no evento, é a inscrição como participante no Congresso. Deverá indicar-se nome, morada, telefone, endereço e-mail e inscrição no almoço de domingo, se pretendida.
Isso poderá ser feito para qualquer dos seguintes endereços e-mail:
a.rio.vivo@gmail.com
jcarvalheira@netcabo.pt
jorgcarvalheira@netcabo.pt
j_s_carvalheira@hotmail.com

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Caminhada do Solstício

Toda a vez primeira tem os seus improvisos. E assim aconteceu com a Caminhada do Solstício em Riba-Côa, que teve lugar em S. Pedro no dia 19 de Junho, e só depois de terminada ganhou nome para o futuro.
Os caminheiros, que eram desassete e vieram do Norte, familiarizaram-se com a ASTA, conheceram a Rio Vivo, encantaram-se com Almeida e acabaram no dia seguinte a fazer um piquenique no São Roque do Côa, onde juraram voltar à procura dum milagre dos do Barroco Esperança.
O Amândio acompanhou-os e fez-lhes água na boca com um café na Bichoeira. A carrinha do Centro Social não precisou de intervir. E mais que justo é referir a colaboração do David, a trabalheira que a Ana desenvolveu, e a indispensável fraternidade do Tó Pigas e do Adalberto, que nenhum regateou.
Para o ano haverá mais, se mais cedo não calhar!

Congresso da Rio Vivo

Este é o primeiro anúncio do Congresso.
Brevemente apresentaremos o programa detalhado.

domingo, 20 de junho de 2010

O desastre do Golfo do México



O desastre que provocou a explosão da plataforma petrolífera "Deepwater Horizon" no Golfo do México, e danificou as tubagens de recolha, está a provocar o derramamento no mar de milhões de litros de crude por dia. Este desastre ambiental, já foi comparado, pelo seu impacto e gravidade, ao acidente de Chernobyl ocorrido na Ucrânia, e até ao 11 de Setembro. Os americanos estão atónitos, e alguns parecem mesmo aterrorizados com a situação que se vive. Sobretudo, com a incapacidade que a BP está a demonstrar em lidar com a situação. A mancha de crude já avançou para os "sapais" da costa, e ameaça destruir esses frágeis ecossistemas que são fontes de vida e onde se reproduzem muitas espécies marinhas.

Muitos já duvidam da capacidade da BP ser capaz de controlar o derrame, e já se fala que ele poderá continuar até o petróleo subjacente se esgotar naturalmente. Poderá ser necessária a intervenção da US Navy, e já há que advogue que se faça explodir uma bomba atómica de profundidade para selar o “buraco” por onde sai o petróleo. Os custos deste desastre são incalculáveis, e ainda há dias, Matt Simmons, o conhecido especialista de petróleo, declarou que esta situação, a não ser rapidamente resolvida, pode levar a BP à falência, tais são os custos e os processos judicias (mais de 6000!) que terá de suportar. Declarações que provocaram, de imediato, um rombo de mais de 10% nas acções da companhia.

Este catastrófico acidente vem colocar interrogações sobre a segurança da exploração de petróleo em jazidas submarinas, sobretudo de águas profundas. O presidente Obama já adiou por seis meses a concessão de licenças para novas perfurações ao largo da costa americana do Golfo do México. Desde há alguns anos que a exploração de petróleo em águas profundas tem vindo a aumentar, e ela já representa uma boa parte da actual produção de petróleo. As zonas onde existem estas explorações são o Golfo do México, a costa africana (Angola, Golfo da Guiné) e as promissoras bacias do litoral brasileiro ao largo de Santos. E admite-se que existam outras zonas com elevado potencial como é o caso das zonas polares a norte do Alasca e da Sibéria, e do “offshore” do Canadá e da Gronelândia.

Num mundo, marcado pela crise e pela incerteza, este caso vem ensombrar ainda mais o panorama da retoma da economia. E vem alertar para os problemas ambientais ligados à extracção de crude e de carvão. Casos menos mediáticos, mas tanto ou mais gravosos do que este, como sejam o da exploração das areias betuminosas da província de Alberta no Canadá, ou para a contaminação aquática na Nigéria, poderão, a partir de agora, ser trazidos para a ribalta, na sequência do que se passou no Golfo do México.

Quando trabalhamos na fronteira dos limites da complexidade, os riscos aumentam e as ocorrências anómalas e com consequências devastadoras, os chamados “cisnes negros”, aparecem com maior frequência. É como se existisse uma válvula de escape do planeta que funciona quando não somos mais capazes de controlar os riscos. A lembrar-nos, constantemente, que se não actuarmos na defesa do ambiente, a natureza actuará por nós…

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Luis de Sousa fala de energia

Foi no Colóquio de Pombal.
O vídeo foi gravado pelo Filipe Vilhena, e vale a pena ser visto.
Luís de Sousa é um estudioso e um grande especialista destes temas.
Ao João Leitão, que foi a alma do colóquio e disponibilizou o vídeo no Facebook, um agradecimento.

domingo, 6 de junho de 2010

A mobilidade


(cross post: Transição)

A minha avó paterna nasceu, cresceu e viveu numa remota aldeia da Beira Alta, e ali morreu com mais de 90 anos. A viagem mais longa que ela realizou – já no fim da vida – foi à cidade da Guarda, que dista cerca de 50 kms da aldeia natal. E, naqueles lugares, casos como este eram a norma desses tempos.

E num breve lapso de tempo de apenas duas gerações tudo mudou! Um dos aspectos que caracteriza o mundo global dos nossos dias, e o faz tão diferente do mundo da minha avó, é a grande mobilidade das pessoas. Mobilidade que hoje está associada, sobretudo, ao automóvel e ao avião. E, indirectamente, ao combustível que os faz mover: o petróleo.

A mobilidade transformou o nosso modo de viver, e modificou a própria paisagem, agora rasgada pelas grandes vias de comunicação, e balizada pelas luminárias das grandes cidades aeroportuárias. Fez nascer o turismo que é o sector que emprega mais gente a nível mundial, deu vida aos subúrbios das grandes cidades, criou o "Centro Comercial”, secundarizou a vizinhança, e desfez a pequena comunidade. O automóvel e o transporte aéreo, juntamente com o desenvolvimento das telecomunicações, foram os principais factores responsáveis pela urbanização e pela globalização.

E criámos, entretanto, uma extrema dependência dessa mobilidade. Os jovens começam a ter o seu carro logo aos 18 anos; viagens que antes se faziam a pé fazem-se hoje de carro, às vezes até mesmo viagens incrivelmente curtas. As casas de férias, o emprego longe das residências, só se justificam com o automóvel. As próprias cidades estão desenhadas para o automóvel e não para as pessoas. Quase toda a actividade económica depende da mobilidade, e do transporte de mercadorias que ela permite. Para os jovens de hoje, que não conheceram outros tempos, é muito dificil imaginar a vida sem automóvel e sem aviões.

Mas a mobilidade, tal como a conhecemos hoje, está ameaçada, e uma das consequências do "pico do petróleo" será a sua drástica redução. Não tenhamos ilusões: o automóvel eléctrico não será um sucedâneo do automóvel com motor de combustão interna, e não o vai substituir. Para o avião e para o camião de mercadorias não existem alternativas energéticas aos derivados do petróleo. A mobilidade, no futuro será, pois, muito mais reduzida. E, por causa disso, o mundo do futuro será muito diferente do mundo tal como hoje o conhecemos, e convém que nos vamos preparando para isso.

A minha avó nunca viu o mar, e o mundo dela era mais pequeno do que o nosso. Mas talvez só na aparência isso fosse assim. Ela conhecia as ervas do campo, sabia entender os sinais que prenunciam a chuva ou o bom tempo, palmilhava os caminhos até gastar as solas dos seus sapatos ou a madeira dos seus tamancos. Sabia cultivar a terra, e tinha uma burra preta. Criava galinhas, e bebia o leite de uma cabra que ela cuidava e os netos pastoreavam; secava as flores da macela, as flores do sabugueiro, e as folhas da cidreira, e fazia com elas o chá que tomava para tratar das suas mazelas. A minha avó não sabia o que eram férias, nunca recebeu reforma, nunca usufruiu das benesses de um serviço de saúde.

Mas por muita nostalgia que eu sinta ao recordar o mundo da minha avó, eu sei que não iremos regressar a ele. O tempo não volta para trás, e o mundo do futuro não será um “regresso ao passado”. Temos de encontrar uma nova forma de prosperidade. O caminho para ela existe, e, por isso, temos de acreditar que vale a pena fazê-lo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Caminhada

A seu tempo terá S. Pedro o seu percurso de caminhadas (rota do contrabando ou outro) definido e marcado no terreno. Idem aspas para Almeida e redondezas, e a ponte velha do Côa, e as andanças do Massena. Rio Vivo há-de encarregar-se disso.
Em antecipação e improvisando um pouco, uma vez que a oportunidade surge e não deve perder-se, terá lugar a 19 de Junho a primeira caminhada, num percurso aproximado de 15 quilómetros. Os caminheiros virão da zona do Porto; a Rio Vivo organiza a logística; o Centro Social prometeu um carro-vassoura, que se espera não tenha que intervir; a ASTA disponibiliza alojamento e alguma alimentação, e será natural beneficiária das finanças resultantes.
Há ainda detalhes do percurso a aguardar definição, e falta conhecer o número final de caminheiros, pormenor determinante. Mas que isso não afaste os mais afoitos, já que é possível integrar-se no grupo, mesmo só para fazer o trajecto. Partida prevista de S. Pedro às 07H30, e regresso ao mesmo local.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Observação de aves

O que estava programado, em 22 de Maio, era um passeio de observação de aves em S. Pedro.
Mas tendo os activistas acordado tarde, de aves só puderam ouvir gorjeios e trinados. As ditas já estavam recolhidas à sombra dos carvalhos (cerquinhos, negrais, alvarinhos e outros), dos salgueiros e freixos e amieiros... e algum ulmeiro sobrevivente.
Ficaram-se com uma bela passeata. Mas ainda puderam ver, graças à diligência do Amândio, um ninho verdadeiro de andorinha dáurica (o que aqui se reproduz é um reles esquisso de manual). E lá no cimo dum pinheiro, a trinta metros de altura, um ninho de milhafre na margem da ribeira de Tourões. Ou seria de algum corvo?!
O almoço na Bichoeira foi tão opíparo, que não deixou tirar a coisa a limpo!

IV Feira

Nos dias 28, 29 e 30 de Maio, a Associação Rio Vivo esteve presente na IV Feira das Artes e da Cultura e Festa do Bacalhau, levada a cabo em Almeida.
Decorado com quadros de S. Pedro (uma vez que a cabrinha branca do mestre Chichorro também já é património da aldeia), o stand da Rio Vivo disponibilizou publicações e desdobráveis relativos à Associação, sua natureza, objectivos e realizações.
Divulgou-se o Prémio Riba-Côa 2010, e procedeu-se à angariação de novos sócios e à venda de obras de Ramos André e Fonseca Ramos, respectivamente de cariz etnográfico e monográfico.
Não poderá afirmar-se que o eco despertado no público da Feira (de resto relativamente reduzido) tenha sido retumbante. Nem isso era esperado.
Foi, porém, um momento importante, para expor e divulgar as preocupações e o espírito que motivam a Associação.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A marca do "Rio Vivo"



Este é logo da Associação Rio Vivo que foi aprovado na reunião de Direccão que teve lugar, no passado dia 22 de Maio, em S. Pedro do Rio Seco.
Nele figura, a cabrinha, já familiar, do quadro de Mestre Chichorro.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O mundo de hoje, imaginado há 100 anos


Há tempos, chamou-me a atenção um artigo escrito em 1900, e que continha um conjunto de previsões, ou antevisões, para o ano 2000. Foi publicado no “The Ladies Home Journal”, uma revista americana, e ainda hoje a sua leitura faz as delícias de quem o lê. Uma outra publicação de 1910, neste caso uma sequência de "quadros", mostrando uma antevisão do ano 2000, pertencentes a uma colecção da Biblioteca Nacional de França, ajuda-nos a conhecer a percepção que os nossos avós tinham do futuro.

Confrontando a realidade dos nossos dias com as previsões ali apresentadas, chega a ser chocante a “ingenuidade” dos autores, tanto do artigo como dos "quadros". Mas vale a pena revisitar e reflectir sobre estas conjecturas, pois elas ajudam-nos a entender a mentalidade de quem as produziu, e a compreender melhor o mundo que nos rodeia, e até a própria dinâmica da evolução das ideias ao longo dos tempos. Podemos até sentirmo-nos estimulados a fazer o exercício de tentar antever o mundo daqui a 100 anos.

É certo que, há um século atrás, a data "2000" era uma data mítica, a qual era vista, em simultâneo, como fim de século e como fim de milénio. Isso, julgo eu, ajudava a inflamar as mentes. Por outro lado, o tempo futuro parece mais extenso do que o tempo passado. A nossa mente habitua-se a olhar para uma data futura como representando uma “distancia” enorme, a qual, depois, nos parece muito mais curta do que havíamos imaginado. Quando apareceu o “1984” de Orwell ou o filme “2001, Odisseia no Espaço” de Kubrick, parecia que o tempo que faltava, haveria de permitir realizar todos os sonhos. E, afinal, essas datas, vistas pelo "retrovisor" do tempo, estavam “logo ali”.

Nestas previsões de há 100 anos, sobressai uma crença ilimitada na tecnologia. A electricidade é ali apresentada como uma coisa milagrosa. Fala-se ingenuamente de navios movidos a electricidade cruzando o oceano, como se a electricidade pudesse ser transportada a bordo de um navio. E, constatamos hoje, a incapacidade de, nesse tempo, se perceber aquilo que foram os verdadeiros grandes saltos tecnológico: a televisão, a informática, a internet, e até o avião.

O carvão era a forma energética que tinha revolucionado o mundo, e tinha conduzido ao progresso, mas já se apresentava como uma coisa do passado, algo sujo e desinteressante. E que, acreditava-se, a energia eléctrica iria tornar obsoleto. O petróleo era conhecido mas o seu potencial estava por adivinhar. E o nuclear nem sequer era imaginado.

Em 1900, o mundo ainda estava extasiado com os ecos da Exposição Universal de Paris, e vivia-se uma revolução tecnológica. Parecia não haver limites para os sonhos do homem. Júlio Verne, melhor que ninguém, encarna esta visão nos seus livros. Entre nós, ficou-nos a “Cidade e a Serras” do nosso Eça que confronta o “novo mundo”, isto é, a civilização com o campo, ou as serras. E que, ao arrepio da tendência dominante, toma partido pelo campo, e desaprova as “modernices” de Jacinto que morava nos Campos Elísios, e já tinha elevador.

Não se falava de limites do crescimento, e questões como o esgotamento dos recursos, como a poluição ou o aquecimento global, nem sequer eram afloradas. Falava-se do progresso, dum Mundo super-organizado mas não se antecipavam os custos da complexidade que isso iria provocar.

E, apesar de tudo, nas previsões do "Ladies Home Journal" impressionam alguns acertos. Fala-se do telégrafo, e do telefone universal, do envio de imagens a longa distância, e da perfeita reprodução fotográfica da cores da natureza. E até já se dizia que os homens do futuro iriam ser mais altos. Vê-se apenas o lado bom do homem, o optimismo prevalece. Mas é uma visão “ocidental”, onde não se vislumbra o acesso dos “bons indígenas” à emancipação e à igualdade.

E daqui a 100 anos, como será o Mundo?

O homem está hoje menos optimista, vive mais angustiado. E, já ninguém imagina o futuro como a “reconstrução” do Éden. Já não temos Júlio Verne, mas temos os livros e os filmes que nos falam do colapso (2012) e nos mostram as ruínas das grandes cidades depois de cataclismos, das pestes, do extermínio nuclear, de novas idades de gelo.

O mundo de hoje é um mundo pessimista em relação ao futuro, e, infelizmente, parecem sobrar as razões para que o seja.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Prémio Ribacôa 2010

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A Fundação Vox Populi, com o apoio da Associação Rio Vivo, acaba de lançar a 2ª edição do Prémio Ribacôa (2010), este ano claramente enfocado para premiar um Projecto concretizável de empreendedorismo no Concelho de Almeida, de preferência na Freguesia de S. Pedro de Rio Seco.

A Fundação convida a todos os interessados a candidatarem-se ao Prémio Ribacôa que nesta edição tem o tema:
“A Caminho da Transição”.

Contexto:
Torna-se urgente desenvolver e implementar projectos que sirvam para recuperar um concelho, uma freguesia envelhecida e sem perspectives de futuro. O objectivo é apoiar projectos que insiram nos seguintes princípios:
- Respeito pela natureza,
- Moderação na utilização dos recursos,
- Respeito pelos valores tradicionais,
- Valorização da produção local.

Prémio:
Podem concorrer ao prémio novos projectos, ou projectos já iniciados cujos autores pretendam continuar a desenvolvê-los.
À candidatura seleccionada será atribuído um prémio pecuniário de 1.000 Euros
Além disso o candidato seleccionado receberá um subsídio de 10.000 Euros a atribuir ao longo do periodo de desenvolvimento e implementação do projecto mediante a assinatura de um contrato com a Fundação Vox Populi.

Entidades que apoiam o prémio
• Câmara Municipal de Almeida
• Associação dos Amigos de Almeida
• Associação Rio Vivo
• Associação Sócio Terapêutica de Almeida

Para mais esclarecimentos consultar o regulamento em www.fvp.pt ou contactar a Fundação Vox Populi - Email geral@fvp.pt

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Jogo do ferro


Desenho do Gustavo Lourenço Marques

No tempo da minha infância, nas aldeias da Beira Raia, quando chegavam os primeiros calores da Primavera e nos campos floresciam as árvores e germinavam as sementes, nas tardes de domingo ou nos dias de festa, jogava-se o ferro. O jogo do ferro, que consistia no lançamento de uma barra de ferro com cerca de um metro, era um jogo viril, era um jogo de homens, assim como o jogo do cântaro ou a “chiquinita” era um jogo de mulheres

A jogar o ferro defrontavam-se entre si as aldeias da região; os nomes dos vencedores passavam de boca em boca, eram conhecidos e comentados. O meu tio Luís Queirós e o Zé Forneiro de S. Pedro, os irmãos Valente, de Vale de Coelha são nomes que muitos ainda hoje recordam.

Jogava-se o ferro em três trances: "à da quietos", "à da salidos", "à da por cima".

O clube tradição da associação Rio Vivo vai estimular a renovação deste jogo no concelho de Almeida.Já arranjámos um ferro que pesa 1,5 kg; pertence ao Vitó de Almeida que tinha um guardado. Vamos agora mandar fazer uns quantos exemplares para o pessoal se ir treinando.

Em Junho, vamos fazer o primeiro campeonato experimental em S. Pedro. A ideia é, depois, envolver a Câmara de Almeida e fazer um campeonato concelhio "às Portas de Almeida" parafraseando o título de um livro de José Abrunhosa.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Colóquio em Pombal

No passado dia 10 de Abril teve lugar em Pombal um colóquio sobre a Transição para uma Economia e Cultura pós-Carbono.
Tratava-se de observar o estado da arte, analisando os múltiplos aspectos e impasses que caracterizam a periclitante situação em que se encontram as colectividades humanas e o equilíbrio do planeta. Solicitada a dar colaboração e patrocínio ao evento, a Associação Rio Vivo não se poupou a esforços e marcou presença muito significativa.
Depois da abertura introdutória, a cargo do anfitrião João Leitão e do presidente da Rio Vivo, teve lugar a primeira intervenção, a cargo de Vítor Rodrigues, psicólogo social. “Quem somos – Valores e Crenças” era o mote. O palestrante fez a caracterização das sociedades humanas face à necessidade de mudança: atitudes e comportamentos, crenças e valores; o ter e o ser; a obsolescência planeada que exacerba o consumo; a manipulação da informação, a alienação e a falta de consciência social.
A segunda palestra – dedicada aos limites do crescimento, situação energética e alterações climáticas – esteve a cargo de Luís Queirós (crise global e oportunidade de transição); de Tomás Marques (crise múltipla e impasses duma sociedade complexa); de Luís de Sousa, que fez o ponto da situação relativamente à energia e ao pico do petróleo; e de Luísa Schmidt, que abordou o modo como os media transmitem a “crise”, e como os cidadãos se relacionam com o problema; o efeito final é a escassa consciência, o alheamento e a resistência à mudança de comportamentos e rotinas.
A terceira intervenção, a cargo de David Avelar e Sérgio e Carmen Maraschin, ocupou-se da Permacultura e da experiência inglesa de Totnes.
Por fim foi apresentada uma longa série de práticas em curso, relativas à Transição em Portugal. Paula Queirós expôs, de forma discreta e eficaz, a experiência da Rio Vivo, com os seus ensaios, planos e realizações.
Foi um colóquio útil e profícuo. Mesmo naqueles casos em que se respirou algum afastamento da realidade, algum utopismo individualista, algum proselitismo iluminado, algum aroma a falhanço prometido. É que as experiências menos boas também ensinam, e só andando se faz o caminho.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Primavera em S. Pedro

Exposição de Artesanato do Centro Social no pavilhão, no dia 28 de Março de 2010.
Patrocinadas pela Rio Vivo, as concertinas vieram do Reboleiro.