Este jogo tradicional era praticado, nas manhãs e tardes de domingos e feriados, em S. Pedro de Rio Seco e outras aldeias raianas, na primeira metade do século XX. Jogo ou desporto, talvez mais desporto do que jogo, exigia força e destreza e, por isso era praticado por homens de força e jeito, qualidades adquiridas ao longo de muitos anos de prática, desde os bancos da escola primária. Aos sete e oito anos começava a praticar-se usando como “ferro” uma das metades em que, por vezes, o ferro dos adultos se partia.
Caiu em desuso na década de sessenta, época em que ainda se praticava nas férias por alguns daqueles que mantinham vivo o “bichinho” do ferro, mais como demonstração do que com espírito competitivo.Para reavivar esses tempos e procurando prosseguir os objectivos que se propôs alcançar através do Clube “Rio Velho ou Tradições”, a Associação Rio Vivo levou a cabo um “torneio demonstração” do tradicional Jogo do Ferro.
Conforme o previsto no Programa do 1º. Congresso da Associação Rio Vivo, pelas 10h e 30m do dia 8 de Agosto, formalizaram-se as inscrições das quatro equipas que tinham manifestado intenção de participar. Já com o período de aquecimento a decorrer, o júri aceitou a inscrição de uma quinta equipa e sentiu-se na obrigação de anular a inscrição de uma das equipas, a fim de salvaguardar a integridade física de um dos seus elementos com 93 anos de idade. De saudar a juventude de espírito deste JOVEM de 93 anos.
Iniciou-se o jogo segundo o Regulamento anteriormente elaborado e exposto junto à “raia”. Cada jogador fez quatro lançamentos para cada um dos três trances (“da quietos”, “da salidos” e “da por cima”. O júri validou os “tiros” (nome dado a cada lançamento válido), valor registado em folha própria. Alguns lançamentos, como que a empurrar o ferro para mais longe, foram acompanhados com algumas expressões típicas dos antigos jogos. “Ah ferro dum raio!”, “ah ferro de um ca…”, “ah ferro de um cor…”, com grande empenhamento dos jogadores e grande entusiasmo dos assistentes.
Para a história e com votos de que este jogo seja abraçado pelos mais novos, aqui ficam as equipas, com a média de idades e com o total de metros conseguidos por cada uma.
1ª Equipa:
Amilcar Fernandes Limão e Amândio Lourenço Caldeira – 67,5 anos – 57,11 metros:
2º. Equipa:
Luís Rodrigues Gouveia e António André – 72, 5 anos – 61,74 metros,
3ª. Equipa:
Luís Teixeira Queirós e João Sá Leão - 50 anos – 41, 73
A quarta equipa, por falta de um dos elementos solicitado a dar apoio à organi-zação do Congresso, não participou como equipa. No entanto, o Adriano Lucas foi autorizado a fazer uma demonstração individual.
Analisados os resultados, foram aclamados os vencedores. A equipa nº 2 ganhou o 1º. Prémio por equipas, 300 euros, e o prémio especial seniores, uma grade de cervejas.
Apesar de não haver registo dos resultados conseguidos pelo Adriano Lucas e depois de consultado o júri que acompanhou e validou os seus lançamentos, foi decidido atribuir-lhe o 1º prémio individual.
A cerimónia de entrega dos prémios teve lugar na sessão de encerramento do Congresso. É importante salientar a generosidade de todos os premiados que decidiram, de livre vontade, fazer reverter os seus prémios em favor da Associação Rio Vivo.
E com um agradecimento a todos, jogadores e assistentes, despeço-me até ao próximo “JOGO DO FERRO”.
A.A.
domingo, 22 de agosto de 2010
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