domingo, 20 de junho de 2010

O desastre do Golfo do México



O desastre que provocou a explosão da plataforma petrolífera "Deepwater Horizon" no Golfo do México, e danificou as tubagens de recolha, está a provocar o derramamento no mar de milhões de litros de crude por dia. Este desastre ambiental, já foi comparado, pelo seu impacto e gravidade, ao acidente de Chernobyl ocorrido na Ucrânia, e até ao 11 de Setembro. Os americanos estão atónitos, e alguns parecem mesmo aterrorizados com a situação que se vive. Sobretudo, com a incapacidade que a BP está a demonstrar em lidar com a situação. A mancha de crude já avançou para os "sapais" da costa, e ameaça destruir esses frágeis ecossistemas que são fontes de vida e onde se reproduzem muitas espécies marinhas.

Muitos já duvidam da capacidade da BP ser capaz de controlar o derrame, e já se fala que ele poderá continuar até o petróleo subjacente se esgotar naturalmente. Poderá ser necessária a intervenção da US Navy, e já há que advogue que se faça explodir uma bomba atómica de profundidade para selar o “buraco” por onde sai o petróleo. Os custos deste desastre são incalculáveis, e ainda há dias, Matt Simmons, o conhecido especialista de petróleo, declarou que esta situação, a não ser rapidamente resolvida, pode levar a BP à falência, tais são os custos e os processos judicias (mais de 6000!) que terá de suportar. Declarações que provocaram, de imediato, um rombo de mais de 10% nas acções da companhia.

Este catastrófico acidente vem colocar interrogações sobre a segurança da exploração de petróleo em jazidas submarinas, sobretudo de águas profundas. O presidente Obama já adiou por seis meses a concessão de licenças para novas perfurações ao largo da costa americana do Golfo do México. Desde há alguns anos que a exploração de petróleo em águas profundas tem vindo a aumentar, e ela já representa uma boa parte da actual produção de petróleo. As zonas onde existem estas explorações são o Golfo do México, a costa africana (Angola, Golfo da Guiné) e as promissoras bacias do litoral brasileiro ao largo de Santos. E admite-se que existam outras zonas com elevado potencial como é o caso das zonas polares a norte do Alasca e da Sibéria, e do “offshore” do Canadá e da Gronelândia.

Num mundo, marcado pela crise e pela incerteza, este caso vem ensombrar ainda mais o panorama da retoma da economia. E vem alertar para os problemas ambientais ligados à extracção de crude e de carvão. Casos menos mediáticos, mas tanto ou mais gravosos do que este, como sejam o da exploração das areias betuminosas da província de Alberta no Canadá, ou para a contaminação aquática na Nigéria, poderão, a partir de agora, ser trazidos para a ribalta, na sequência do que se passou no Golfo do México.

Quando trabalhamos na fronteira dos limites da complexidade, os riscos aumentam e as ocorrências anómalas e com consequências devastadoras, os chamados “cisnes negros”, aparecem com maior frequência. É como se existisse uma válvula de escape do planeta que funciona quando não somos mais capazes de controlar os riscos. A lembrar-nos, constantemente, que se não actuarmos na defesa do ambiente, a natureza actuará por nós…

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