quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Suave Milagre

10 de Novembro, entre as dezasseis horas e trinta minutos e as dezassete da tarde, ali a qualquer quilómetro da A2, entre Grândola e Almodôvar, no rádio do carro surge, na Antena 1, uma pequena reportagem sobre três aldeias do distrito da Guarda, três aldeias “que não cantam”. Aldeias que, em minha opinião, merecem a atenção do jornalista apenas por terem gerado três vultos importantes da vida portuguesa: Porto de Ovelha e o Procurador-geral da República, S. Pedro de Rio Seco e o Dr. Eduardo Lourenço e Vide com o Dr. Almeida Santos.

Pus o volume do rádio um pouco mais alto, e o repórter aparece em Porto de Ovelha, reportando, à medida que se vai embrenhando nas ruas, o silêncio em volta, a ausência de pessoas nas ruas desertas, o abandono em que as casas se encontram. De repente, lá aparece uma residente, que respondendo, com a experiência dos seus oitenta e poucos anos, às perguntas do jornalista, vai fazendo a comparação entre os tempos da sua meninice e juventude e os tempos de agora.

Na Procuradoria-geral da República, o Sr. Procurador recorda os tempos da sua meninice, o tempo das férias do Verão, Natal e Páscoa, com o rio Côa a servir de piscina natural, dizendo que as casas e ruas são as mesmas, o rio é o mesmo e no mesmo lugar, só o que lá não está são as pessoas.

Reportagem curta e quase deserta de soluções, como deserta está a aldeia em que acaba de aparecer: S. Pedro do Rio Seco.
Avança sem encontrar vivalma e apenas se detém no Largo Eduardo Lourenço. De uma breve conversa que mantém com o Sr. Augusto Limão e, um pouco mais adiante, com a senhora Rufina, ficam algumas ideias: S. Pedro já não é o que era, antigamente uma aldeia cheia de juventude e de adultos trabalhadores; agora, o que vale é a proximidade com a Espanha, onde os rapazes de S. Pedro vão encontrando trabalho, mas com uma certa dificuldade, por causa da crise que também por lá reina. As poucas crianças que ainda existem frequentam a escola em Vilar Formoso ou em Almeida. É que a escola existente, fechou para férias e não mais abriu.

O jornalista ouviu de seguida, em Lisboa, o Dr. Eduardo Lourenço que expõe ideias não diferentes das expressas em outras ocasiões. No entanto, uma expressão me chamou a atenção: “Apenas um milagre …”

Passou para Vide, aldeia que deixo de lado por não ser do nosso concelho, por ter ainda cerca de quarenta crianças na escola, por estar inserida na região da Serra da Estrela e a única semelhança que tem com as duas anteriores é dela ser natural o Dr. Almeida Santos, vulto da Política e da cultura.
Terminada a curta reportagem, veio-me à cabeça o ditado popular que diz.”Fia-te na Virgem e não corras …”

Sei que é uma forma de expressão, mas bem podemos todos Sampedrenses esperar sentados que tal milagre aconteça, que, se nada fizermos, dificilmente acontecerá.
No entanto, com maior ou menor apoio da Virgem, começamos a ver e sentir os primeiros pequenos milagres alcançados por pessoas que começaram a dar os primeiros passos de corrida. Esses primeiros passos começaram a ser dados por todos os conterrâneos que, graças ao gosto que têm por S. Pedro e à custa das suas economias têm reconstruído as suas casas. É um prazer percorrer as ruas de S. Pedro e, ao dobrar de cada esquina, deparar com uma casa reconstruída ou pintada e com um muro arranjado. Outras “corridas”, não tão pequenas quanto isso, têm sido dadas pela Junta de Freguesia. Todos as conhecemos e delas somos testemunhas.

Uma outra “corrida” começou a ser sonhada, há alguns anos, por alguns conterrâneos que, por inércia ou por não saberem bem como, não a levaram à prática. Foi necessário que o Dr. Luís Queirós, talvez com o apoio da Sª. dos Bons Sucessos, congregando os sonhos desses conterrâneos que continuavam a sonhar, desse o imprescindível empurrão e reunisse na sua casado Lagar, à Lancha do Forte, em 9 de Agosto de 2009, um grupo de conterrâneos ou a S. Pedro ligados por laços de afinidade e simpatia, que, após uma troca de ideias assumiram conjuntamente o compromisso de constituir, em S. Pedro do Rio Seco, uma Associação de pessoas que comunguem dos mesmos ideais, e alimentem os mesmos propósitos constantes da Declaração que foi chamada “Declaração de S. Pedro”.

Outras etapas estão em marcha, de modo a que, pouco a pouco, congregando todos os conterrâneos, se vá alcançando o tal MILAGRE que o Dr. Eduardo Lourenço tanto anseia.

Nota: As fotografias mostram alguns dos pequenos (suaves) milagres que vêm acontecendo.
António Lourenço André

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Noticias de S. Pedro

Neste capítulo não se pode adiantar muita coisa... posso sim, fazer-vos um resumo da minha curta experiência nesta bela aldeia que é São Pedro do Rio Seco.
O meu primeiro contacto com São Pedro do Rio Seco aconteceu no princípio deste século. Na altura visitei-a com o meu grande amigo Sérgio Queirós, a aldeia pareceu-me abandonada mas muito bonita. Tive o prazer de conhecer a Tia Alice e apreciar um belíssimo lanche em sua casa! A minha primeira experiência em São Pedro não durou mais do que umas horas, e embora me tenha agradado bastante, nunca me ocorreu poder vir a viver e trabalhar aqui.
A adaptação a vida nesta aldeia não tem sido difícil. Apesar de ter poucos habitantes, (principalmente muito poucos jovens) e a comunicação via Telemóvel ou Internet nem sempre ser fácil, viver aqui é uma experiência muito interessante e enriquecedora. Todas as pessoas se conhecem, cumprimentam-se, são simpáticas e extremamente preocupadas com a minha estadia, o primeiro imigrante na aldeia em muito anos. Há muita curiosidade em saber quem eu sou e a quem pertenço, o que é natural. São poucos os dias em que não me batem à porta curiosos com a Associação e ao mesmo tempo perguntando se estou bem, se necessito algo, sempre preocupados com o meu bem-estar.
Esta tem sido uma experiência nova para mim, pois apesar de já ter vivido em diferentes lugares durante algum tempo, nunca tinha vivido num local assim, o que me tem agradado profundamente!

Eventos previstos

Como primeira iniciativa duma série de eventos que esperamos que se venham a realizar, a Associação Rio Vivo tem o prazer de anunciar que no próximo dia 30 de março se realizará o primeiro evento oficial desta Associação. No espaço do Pavilhão de São Pedro do Rio Seco e também na sua zona envolvente, realizar-se-á uma Feira de Artesanato, com produtos exclusivamente oriundos desta aldeia. A animação estará garantida por um grupo de concertinas que actuará ao longo do dia. De manhã, com uma arruada e depois à tarde a festa prossegue, já no espaço do Pavilhão de São Pedro do Rio Seco. Este evento tem a cooperação da Junta de Freguesia de São Pedro do Rio Seco e da ASTA.

Ainda neste fim-de-semana de Carnaval, no dia 13 de Fevereiro pelas 20:30, realizar-se-á uma Tertúlia, organizada pela ASTA, na sua casa de Almeida “Canto com Alma”, com o tema “O benefício das crises”. Este evento terá a colaboração da Associação Rio Vivo, com a participação de alguns dos seus elementos.

Calendário Agrícola

Sendo esta a primeira edição desta rubrica, tenho de vos garantir que tudo o que aqui será escrito é da inteira responsabilidade da gente de São Pedro. Pois recorrerei a estas pessoas para aumentar o meu conhecimento neste tema, tornando esta secção um conjunto de ideias, conselhos e informações adaptado a cada estação do ano.
Assim, e porque mais uma vez estamos a viver um Inverno algo rigoroso, embora com alguns dias atípicos (talvez consequência do aquecimento global) são poucas as hortas que sobreviveram à geada. No entanto há que pensar já no cultivo da Primavera. A Tia Alice Queirós, já se começou a preparar, tendo já feito um pequeno viveiro com os vegetais que depois transplantará para a sua horta onde irão crescer.

Um momento de reflexão

Um outro facto que nos mostra que o clima está a mudar é a cegonha e a sua permanência em Portugal durante o Inverno. Nos primeiros dias aqui em São Pedro, com muito frio e alguma chuva, reparei que um dos ninhos da torre da Igreja já tinha duas cegonhas! Falei com algumas pessoas aqui da terra, que me disseram que estes pássaros já tinham migrado para África e pelos vistos tinham regressado. Ou este Inverno vai ser muito curto, ou estas cegonhas têm o seu relógio biológico muito acelerado. Talvez outra consequência do aquecimento global e dos fenómenos atmosféricos extremos, da sua maior repetição e imprevisibilidade. Será este acontecimento um prenúncio das mudanças que aí virão? O que vai ser de nós?!

André Cid

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pontes de ligação




Tudo por S. Pedro, é a resposta a esta mensagem de gente da nossa terra



Tal como a Associação Rio Vivo pretende, nós, mordomia da festa da Senhora do Bom Sucesso 2010, também gostaríamos de continuar a preservar as tradições e costumes da nossa localidade.
Tenho visitado o vosso blogue e tenho gostado daquilo que leio. Também nós temos um blogue onde vamos dando algumas notícias de São Pedro do Rio Seco e no que diz respeito à nossa festa
http://a-festa-vamos-a-isso.blogs.sapo.pt
A memória de um povo está na sua história.
Vamos continuar a preservar as nossas tradições para que elas não fiquem no esquecimento.
Pela mordomia
Mª da Graça e Jorge Lourenço mais conhecido pelo "prof."